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FRANÇA
Céu nublado e gotas de chuva são os convidados indesejados da festa, mas o projeto atrai grande número de veranistas
Mau tempo esfria abertura de praia em Paris
FERNANDO EICHENBERG
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM PARIS
O céu nublado e algumas gotas
de chuva foram os convidados
inesperados e indesejados do dia
da abertura da edição 2004 do
projeto Paris-Plage, a falsa praia
parisiense criada à margem direita do rio Sena.
Pela manhã, Aurélie, 22, foi uma
das primeiras a visitar o balneário
improvisado, um sucesso de público no ano passado (3 milhões
de pessoas, sendo 20% estrangeiros). "Acho uma idéia muito simpática. É a primeira vez que venho, e pretendo voltar. Só estou
preocupada porque esqueci o
meu creme solar", disse à Folha.
Devido ao mau tempo, no entanto, o protetor solar não foi a
maior preocupação dos veranistas citadinos no dia de ontem.
Poucas mulheres se arriscaram a
vestir biquínis ou maiôs, e a maioria dos freqüentadores desfilou ao
longo dos 3,5 km da praia fechada
em trajes urbanos.
As estudantes alemãs Stephanie, 19, e Marlene, 20, estão se despedindo neste fim de semana de
Paris, depois de um ano de estudos de francês. "Já tínhamos vindo no ano passado e achamos ótimo. Tem-se a impressão de que se
está à beira da praia por causa do
barulho da água", disse a entusiasmada Marlene.
Já o parisiense Boris, 33, passeando com a mulher e o filho de
um ano, não pode ser incluído no
grupo dos ferventes partidários
do projeto idealizado pelo prefeito Bertrand Delanoë (socialista).
"Estou um pouco decepcionado, pois penso que não há areia
suficiente. Para as crianças, o projeto é bom, mas, se dependesse só
de mim e da minha mulher, não
viríamos", afirmou Boris.
Mesmo sem a ajuda da meteorologia, o espaço foi animado por
numerosos grupos escolares, que
haviam previsto a visitação no dia
da inauguração.
A maior novidade do Paris-Plage 2004, uma piscina de 220 m2 e
1,10 m de profundidade, promete
ser uma das atrações preferidas
das crianças neste ano. Ontem,
muitas delas já se aventuraram
nas águas da piscina ao som de
música hip-hop.
Não faltam outras atrações gratuitas aos veranistas franceses ou
estrangeiros: jogo de bocha, pista
de patinação gigante, muros para
escalada, labirinto vegetal, ateliê
de esculturas em areia, festival de
música etc.
A brasileira Fernanda Veríssimo, 39, filha do escritor Luiz Fernando Veríssimo e atualmente
moradora de Paris, aproveitou
um compromisso nas proximidades para passar pelo balneário do
rio Sena.
Terminou percorrendo todo o
percurso da praia. Segundo Fernanda, por causa do aumento das
atrações oferecidas neste ano, o
Paris-Plage parece mais um parque diversões do que uma praia.
Mas ela não deixa de apreciar o
local por isso. "Achei muito legal,
fiz todo o caminho sem sentir.
Penso que a prefeitura apenas tornou mais fácil o que as pessoas já
faziam à beira do rio durante o verão, oferecendo mais conforto,
organização e espaço para as
crianças", disse.
Fernanda, que não resistiu aos
inúmeros vaporizadores de água
colocados ao longo da praia, pretende retornar ao local para um
outro tipo de programa. "Quero
vir no final da tarde para tomar
uma cervejinha num dos barzinhos instalados à beira do rio."
A utilização noturna deflagrou a
primeira polêmica do Paris-Plage
2004. Diferentemente do que
ocorreu no ano passado, o acesso
à praia, antes aberto durante toda
a noite, permanecerá fechado à
partir de meia-noite neste ano para facilitar o trabalho das equipes
de limpeza.
Os veranistas notívagos, que
apreciavam passar a madrugada
perto do rio, protestaram contra a
nova medida. O prefeito Delanoë
prometeu reexaminar a questão e,
se a demanda persistir, talvez estender o horário de acesso nos
fins de semana.
O projeto cobre uma área que
vai da ponte de Sully até a ponte
das Artes, num dos locais mais
charmosos da capital francesa.
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