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ANÁLISE
Discriminação está com os dias contados
Mesmo com o revés de ontem, parlamentares devem seguir a população dos EUA, favorável a mudar a política
HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA
Apesar do revés de ontem,
é uma questão de tempo até
que a "Don't Ask, Don't Tell"
(DADT) seja revertida.
O consenso político para
isso já é quase tão amplo
quanto possível. O presidente Barack Obama se empenhou pessoalmente em acabar com a discriminação contra os gays nas Forças Armadas. Conta com o apoio da
cúpula do Pentágono.
Os parlamentares, embora
estejam usando a questão em
barganhas partidárias, tendem a seguir a população,
francamente favorável ao fim
da segregação velada.
Pesquisa de fevereiro deste ano da rede CBS e do jornal
"New York Times" mostrou
que 59% dos americanos
apoiam a derrubada da
DADT, contra 29%. Em 1993,
quando o assunto começou a
ser debatido, havia um empate em 42%.
Mesmo entre a base dos
militares as resistências não
são tão formidáveis assim.
Sondagem do Instituto
Zogby de 2006 revelou que
37% da soldadesca se opunha a homossexuais servindo abertamente, contra 26%
que eram favoráveis; 37%
não tinham preferência.
De mais a mais, quase todas as Forças Armadas relevantes do mundo já puseram
um fim a políticas de exclusão. Dos 26 países que fazem
parte da Otan, 22 aceitam
gays em seus exércitos.
Na mesma condição estão
as Forças Armadas da Rússia, Israel, Argentina e Uruguai. Das 25 nações da União
Europeia, só a Grécia veta homossexuais. E sofre algumas
reprimendas da UE por isso.
Que os EUA caminhem na
retaguarda aqui não chega a
ser surpresa. Em matéria de
legislação sexual, os americanos não ficam muito a dever ao Irã de Ahmadinejad.
Começando pela prostituição, ela é proibida em 49 dos
50 Estados. A exceção são 11
condados de Nevada. As penas podem chegar a dois
anos de cadeia para o usuário (Iowa) e cinco anos para a
prostituta (Pensilvânia, em
caso de reincidência). O proxenetismo pode custar 20
anos de xadrez (Idaho).
Até 1962, o sexo anal e oral
era considerado pelas "sodomy laws" crime em todos
os Estados americanos. Em
Idaho, uma aventura dessas
custava de cinco anos a prisão perpétua. É claro que as
legislaturas mais razoáveis
foram derrubando ou abrandando essas leis, mas um
bom punhado ainda as mantinha até 2003, quando uma
decisão da Suprema Corte
(Lawrence v. Texas) as tornou inconstitucionais.
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