São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2011

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ANÁLISE

BC americano se comporta como chefe do plantão de emergência

ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

A decisão do Federal Reserve (o banco central americano) de movimentar algumas centenas de bilhões de dólares para derrubar os juros de financiamentos de longo prazo é, antes de tudo, um diagnóstico sombrio sobre a saúde da maior economia do mundo.
Ficou claro -se é que ainda não estava- que a situação nos EUA é muito grave. O pior é que as autoridades americanas acham que as condições econômicas podem se deteriorar mais.
"Há riscos significativos de piora do cenário econômico, incluindo tensões nos mercados financeiros globais", diz trecho do comunicado divulgado ontem pelo Fed.
Situações dramáticas requerem medidas drásticas. Essa parece ter sido a conclusão da autoridade monetária.
As ações anunciadas foram recebidas, no entanto, com alto grau de ceticismo por economistas.
A explicação é simples: tentativas anteriores do Fed de reanimar a economia não surtiram o efeito desejado.
Por que dessa vez poderia ser diferente? Difícil saber.
Muito vai depender de como reagem empresas e cidadãos americanos.
O maior risco que o governo dos EUA parece estar enfrentando é de uma repetição do que viveu o Japão na década de 90.
Juros caem, financiamentos de bens caros e imóveis ficam mais baratos, mas ainda assim pouca gente se anima a consumir ou investir.
Há algumas possíveis lógicas por trás disso.
Uma delas é baseada no medo: se acho que posso perder meu emprego, por que vou assumir um empréstimo de longo prazo?
Outra é pautada em um cálculo racional: se a situação está tão ruim, por que gastar agora se é possível que os juros caiam ainda mais?
Ben Bernanke, presidente do Fed, obviamente conhece esses riscos.
Mas parece ter decidido agir como o chefe do plantão de emergência, cuja obrigação é sempre tentar reanimar o paciente, não importa o quão irreversível pareça seu quadro clínico.


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