São Paulo, segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pleito nos EUA terá gasto recorde com TV

Consultoria americana estima que despesa de políticos com campanha na televisão pode chegar a US$ 3 bi até 2008

Estados em que as primárias já estão próximas sofrem "bombardeio" de comerciais; Mitt Romney e Obama são recordistas em inserções

DENYSE GODOY

DE NOVA YORK

A campanha presidencial de 2008 nos EUA deve bater todos os recordes de propaganda na televisão, segundo estudo da consultoria de publicidade TNS Media Intelligence.
Os gastos com anúncios políticos na telinha podem ultrapassar os US$ 3 bilhões, pelas contas da empresa, o que seria o maior valor da história. "A cifra reflete os montantes arrecadados pelos candidatos, também inéditos", explicou à Folha Anthony Corrado, professor de política do Colby College, do Maine. "Esse tipo de publicidade é a preferida porque é a mais eficiente em um país do tamanho dos EUA."

Arma dos pequenos
Além dos comerciais que têm os políticos como estrelas e são bancados por seus comitês, no montante estimado pela consultoria estão os patrocinados por organizações que falam de temas de seu interesse, como um chamamento para o posicionamento dos candidatos. Os Eleitores da Aliança pela Conservação [Ambiental], por exemplo, buscam identificar um candidato "verde". Já o grupo de mobilização política MoveOn veicula anúncios questionando a Guerra do Iraque.
Até o momento, os comerciais são a arma mais utilizada pelos candidatos que não figuram entre os favoritos, os quais desejam conquistar apoio para vencer as prévias de seus partidos e assim poder de fato concorrer a presidente.
"Eles querem que seu nome e suas idéias sejam conhecidas do público e se esforçam em mostrar que são diferentes", comentou Corrado. Por isso, os espectadores dos Estados de Iowa e New Hampshire, onde logo no começo do próximo ano ocorrem as mais importantes disputas iniciais, são os que mais têm sido bombardeados com a propaganda.

Gastos X votos
Mitt Romney, ex-governador de Massachusetts, aparece na última pesquisa de intenção de voto realizada pela rede CNN em quarto lugar entre os republicanos, com 13% da preferência, e é o campeão de dispêndios com anúncios televisivos, tendo pagado US$ 8,674 milhões em 2007 por 11.463 inserções, de acordo com a TNS Media Intelligence. No extremo oposto, aparece Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova York, que lidera entre os republicanos com 27% das intenções de voto e ainda não desembolsou nada com comerciais na TV -a sua estratégia é anunciar no rádio, na internet e em jornais.
Entre os democratas, quem mais gastou com publicidade na TV foi Barack Obama: US$ 2,477 milhões por 4.211 inserções. Do seu segundo lugar nas pesquisas, ele vê a líder Hillary Clinton cada vez mais longe -a ex-primeira-dama tem 51% da preferência, contra 21% dele, e pagou US$ 1,445 milhão por 2.387 anúncios.
Quando estiverem definidos os representantes dos dois grandes partidos que vão concorrer à Presidência, mais Estados assistirão aos comerciais. "Então, o maior número de inserções se dará naqueles lugares onde a competição entre o democrata e o republicano estiver apertada", disse Corrado. "Nova York poderá esperar ver um monte de anúncios no caso de ser a Hillary [senadora pelo Estado] e o Giuliani. Na eleição anterior, como estava claro que a Califórnia era democrata, nem passaram propaganda na TV lá", disse Corrado.
Para o professor, deveria haver algum tipo de regulação a respeito -como o horário obrigatório que existe no Brasil. O sistema americano atual favorece os candidatos que têm mais dinheiro em caixa.

Texto Anterior: Primeira-dama ganha voto de celebridades
Próximo Texto: Papa critica pretexto religioso à violência
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.