São Paulo, segunda-feira, 22 de outubro de 2007

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Separatistas curdos matam 17 militares turcos na fronteira

Incidente perto do Iraque foi respondido com morte de 32 rebeldes; EUA qualificam ação guerrilheira de "inaceitável"

Turquia pode em tese caçar rebeldes em solo iraquiano, mas ministro da Defesa diz que resposta autorizada por Parlamento não é imediata

DA REDAÇÃO

Uma emboscada de separatistas curdos matou ontem de madrugada 17 soldados turcos, que responderam ao ataque e mataram 32 rebeldes.
Os incidentes ocorreram em território da Turquia, próximo à fronteira com o Iraque, e agora pressionam para que o regime de Ancara faça uma possível incursão contra bases de treinamento do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) em solo iraquiano.
Jornalistas não foram autorizados pelo Exército turco a penetrar na região, localizada na fronteira da Turquia com o Iraque e com o Irã. Em seu site, o PKK disse ter capturado oito soldados turcos.
Em Washington, um porta-voz do presidente George W. Bush qualificou o ataque de "inaceitável". O PKK é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos.
O aquecimento do conflito ocorre quatro dias depois de o Parlamento de Ancara autorizar tropas regulares a penetrar no Iraque para combater os separatistas. Os EUA e o governo iraquiano intervieram energicamente para que o governo turco não leve adiante o plano.
O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, convocou para ontem à noite uma reunião de emergência de lideranças políticas e militares. Em declarações à TV, o premiê disse que "nossa revolta é imensa" e, em resposta indireta às objeções americanas e iraquianas, disse que "nossos pensamentos não levam em conta o que uns e outros poderão pensar".

Ataque possível
Em declaração divulgada após uma reunião de emergência, líderes turcos afirmaram que o país "não terá medo de pagar, qualquer seja o preço, para proteger seus direitos, sua união e seus cidadãos". A Turquia acredita que o PKK possua 2.800 homens no Iraque e "algumas centenas" no país.
Em Bagdá, o presidente iraquiano e também líder histórico do Curdistão, Jalal Talabani, lançou um apelo para que os autonomistas cessem suas ações contra a Turquia, ameaçou neutralizá-los e os exortou a deixar o país caso pretendam criar novos problemas. Também criticou os militares turcos por terem disparado contra aldeias curdas no Iraque.
Segundo a Reuters, o presidente do Curdistão iraquiano, Massoud Barzani, afirmou que não se deixará ser levado pela guerra entre a Turquia e o PKK.
A CNN diz que os incidentes, ocorridos pouco depois da meia-noite, foram desencadeados quando um comboio de 12 veículos turcos atravessava uma ponte a apenas 7 km da fronteira iraquiana. De imediato, helicópteros turcos passaram a disparar contra "63 possíveis alvos". Foi quando porta-vozes de Ancara dizem que 32 rebeldes haviam sido mortos.
Outros informantes dizem que a emboscada ocorreu quando os militares turcos se preparavam para atacar a aldeia de Daglica, na Província de Hakkari, onde o PKK tem fortes simpatizantes.
Em ofensiva diplomática para não permanecer isolada em caso de desencadear uma operação no Iraque, a Turquia despachou seu ministro do Exterior, Ali Babacan, para a Arábia Saudita. Por sua vez, o ministro da Defesa, Vedci Gonul, voou para a Ucrânia, onde se encontrou com o chefe do Pentágono, Robert Gates. Gonul disse aos jornalistas que seu governo "está planejando atravessar a fronteira", mas ressalvou que "não de imediato".
Com 17 cadáveres para prantear, manifestações de protesto foram organizadas nas principais cidades da Turquia.


Com agências internacionais

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