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Turcos têm contratos de obras em todo o Curdistão iraquiano
DE GENEBRA
Embora o confronto de ontem aumente a pressão política
para que o governo intensifique
a ação militar na região, a Turquia tem fortes interesses econômicos para preservar a calma no Curdistão iraquiano.
Das 1.200 empresas turcas
que participam da reconstrução do Iraque, pelo menos 600
operam no norte do país, justamente onde o Exército afirma
que se escondem os guerrilheiros do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão).
Curiosamente, quem ficou
com a maior fatia desse mercado milionário foi um conglomerado ligado ao Exército turco, o Fundo das Forças Armadas (Oyak). Através de suas diversas subsidiárias, o Oyak participa de empreendimentos na
região curda, do fornecimento
de cimento para a construção
de um anexo do Parlamento à
produção de papel para um jornal pró-democracia.
Em meio aos tambores de
guerra, os números da presença econômica turca no Iraque
impressionam. Pelo menos 380
das 500 empresas estrangeiras
que operam em Arbil, a capital
da Região Autônoma Curda,
são turcas. Sendo assim, compreende-se que 65% das licitações nos últimos anos foram
vencidas por elas, em negócios
que chegam a US$ 350 milhões.
O forte das empresas turcas
no norte do Iraque é o setor de
construção, no qual são responsáveis por projetos como os
dois aeroportos internacionais
da região e uma universidade
em Suleimanyia.
O Oyak, conglomerado construído com base em um dízimo
compulsório dos cerca de 200
mil militares turcos da ativa e
na contribuição de outros 25
mil da reserva, evita manter
contato direto com seus empreendimentos no Iraque, preferindo terceirizá-los, a exemplo da americana Halliburton.
A invasão do Iraque pode ter
irritado corações e mentes na
Turquia, mas também encheu
muitos bolsos. Em 2002, um
ano antes da invasão, as exportações turcas para o país totalizaram US$ 649 milhões. Em
2006 atingiram US$ 3 bilhões.
Os americanos também têm
interesses logísticos e econômicos para querer evitar problemas na fronteira turco-iraquiana. Segundo a revista americana "Army Times", especializada em assuntos militares, é
por lá que entram 70% dos suprimentos destinados ao Exército dos EUA no Iraque.
(MARCELO NINIO)
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