São Paulo, segunda-feira, 22 de outubro de 2007

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Turcos têm contratos de obras em todo o Curdistão iraquiano

DE GENEBRA

Embora o confronto de ontem aumente a pressão política para que o governo intensifique a ação militar na região, a Turquia tem fortes interesses econômicos para preservar a calma no Curdistão iraquiano.
Das 1.200 empresas turcas que participam da reconstrução do Iraque, pelo menos 600 operam no norte do país, justamente onde o Exército afirma que se escondem os guerrilheiros do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão).
Curiosamente, quem ficou com a maior fatia desse mercado milionário foi um conglomerado ligado ao Exército turco, o Fundo das Forças Armadas (Oyak). Através de suas diversas subsidiárias, o Oyak participa de empreendimentos na região curda, do fornecimento de cimento para a construção de um anexo do Parlamento à produção de papel para um jornal pró-democracia.
Em meio aos tambores de guerra, os números da presença econômica turca no Iraque impressionam. Pelo menos 380 das 500 empresas estrangeiras que operam em Arbil, a capital da Região Autônoma Curda, são turcas. Sendo assim, compreende-se que 65% das licitações nos últimos anos foram vencidas por elas, em negócios que chegam a US$ 350 milhões.
O forte das empresas turcas no norte do Iraque é o setor de construção, no qual são responsáveis por projetos como os dois aeroportos internacionais da região e uma universidade em Suleimanyia.
O Oyak, conglomerado construído com base em um dízimo compulsório dos cerca de 200 mil militares turcos da ativa e na contribuição de outros 25 mil da reserva, evita manter contato direto com seus empreendimentos no Iraque, preferindo terceirizá-los, a exemplo da americana Halliburton.
A invasão do Iraque pode ter irritado corações e mentes na Turquia, mas também encheu muitos bolsos. Em 2002, um ano antes da invasão, as exportações turcas para o país totalizaram US$ 649 milhões. Em 2006 atingiram US$ 3 bilhões.
Os americanos também têm interesses logísticos e econômicos para querer evitar problemas na fronteira turco-iraquiana. Segundo a revista americana "Army Times", especializada em assuntos militares, é por lá que entram 70% dos suprimentos destinados ao Exército dos EUA no Iraque.
(MARCELO NINIO)

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