São Paulo, segunda-feira, 22 de outubro de 2007

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Sem rejeição ou abstenção, votações viram "espetáculo da unanimidade"

DA ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM

Não houve voto contra nem abstenções nas votações realizadas ontem no encerramento do 17º Congresso do Partido Comunista da China, em um forte indício de que divergências públicas ainda não são admitidas pela liderança do país. Os 2.213 delegados aprovaram por unanimidade os três documentos submetidos ao plenário no fim da manhã de ontem.
"Mei you", que significa "não há", era a expressão ouvida no salão principal do Grande Palácio do Povo todas as vezes em que o presidente Hu Jintao perguntava se havia votos contrários ou abstenções na votação dos textos.
Depois das deliberações, o presidente discursou e conclamou os "camaradas" a ficarem de pé para ouvir a Internacional Socialista, o hino da esquerda mundial, executado pela banda do Exército de Libertação Popular da China.

Vermelho onipresente
Localizado na praça Tiananmen, onde está o mausoléu de Mao Tsé-tung, o Grande Palácio do Povo é uma enorme construção ao estilo do realismo socialista, que foi ornamentada com bandeiras vermelhas em toda sua fachada nos sete dias do congresso.
O vermelho também era onipresente no plenário do palácio. Além da enorme estrela no teto, ele coloria o piso, as cortinas, as cadeiras, os crachás e a gravata de Hu. No fundo do plenário, uma enorme réplica dourada do símbolo comunista que une a foice e o martelo.
A poucos metros do plenário, o estacionamento central do edifício estava ocupado por uma frota de cerca de 40 Audi A6 pretos, o modelo de carro preferido pela cúpula do partido comunista.
Em uma das inúmeras demonstrações dos limites da abertura chinesa, seguranças tentavam impedir fotos e filmagens, quando perceberam que a visão chamava a atenção dos centenas de jornalistas que se dirigiam ao plenário.
Dentro do salão, a imprensa pôde ver o espetáculo da unanimidade comunista, com todos os delegados levantando os braços ao mesmo tempo para aprovar os três documentos que encerraram o encontro: o relatório da comissão de disciplina, o relatório do 16º Comitê Central e a emenda que incluiu na Constituição da legenda a teoria do "desenvolvimento científico" de Hu Jintao. (CT)

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