São Paulo, sábado, 22 de novembro de 1997.




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NO EXÍLIO
Ativista fala pela 1ª vez nos EUA
Dissidente Wei diz que voltará à China

de Washington

Seis dias após ter chegado aos EUA graças à abrupta decisão do governo chinês de libertá-lo por razões médicas, o dissidente Wei Jingsheng deu a sua primeira entrevista coletiva, em Nova York.
"Eu esperei por décadas pelo momento de exercer o meu direito de liberdade de expressão. Mas o povo chinês tem esperado por ele há séculos", afirmou ele.
Wei, 47, disse que tem planos de retornar à China e que ele nunca pensou em sair de lá. "Sempre amarei a minha pátria, em qualquer lugar do mundo em que possa estar", disse. Ele só soube que seria libertado, após quase 18 anos de prisão, horas antes de ser posto num avião. Wei sofre de hipertensão e vários problemas cardíacos.
A Casa Branca, sede do governo dos EUA, embora tenha se recusado a reivindicar o mérito pela libertação de Wei, disse que o presidente Bill Clinton pessoalmente a encorajou. Clinton esteve com o presidente Jiang há três semanas em Washington, onde tiveram uma conversa de 90 minutos a sós.
À pergunta sobre por que ele acha que foi libertado, Wei respondeu com a expressão chinesa que mais usou na coletiva de ontem e que corresponde a "isso não está muito claro ainda".
Organizar as idéias
Wei foi um dos líderes do movimento que se tornou conhecido como "Muro da Democracia", em 1979. Eletricista e ex-soldado do Exército, era um dos jovens que produziam e distribuíam jornais clandestinos e colavam panfletos políticos em muros de Pequim.
Falando em chinês (seus conhecimentos de inglês são muito limitados), Wei pediu desculpas por não estar sendo muito específico. Disse que pretende escrever para organizar melhor as idéias e depois discuti-las com jornalistas.
Wei também não disse nada de concreto a respeito de seus planos para o futuro imediato. Ele passou seus cinco primeiros dias de liberdade sob exames num hospital em Detroit, Michigan, Meio-Oeste do país.



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