São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 2002

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Cadernos e merendas se espalham entre corpos das vítimas de ataque

DA REDAÇÃO

Uma mochila preta, cheia de cadernos cor-de-rosa, está jogada no meio dos destroços do ônibus que explodiu em Jerusalém Ocidental. Pertencia a Hodaya Asraf, uma israelense de 13 anos que estava indo para a escola. Mas não conseguiu chegar ao destino, vítima do terrorista suicida palestino.
Seu colega Maor Kimche, 15, teve mais sorte. Sempre foi aconselhado a sentar nos fundos do ônibus, por ser mais seguro. Seguindo a dica, saiu apenas ferido. Ele lembra que seu amigo Shiram ficou estirado no chão. Ainda não sabe que ele morreu.
Doron, pai de Maor, estava em um carro, pouco atrás do ônibus. Desceu desesperado achando que o filho estivesse morto. Somente se acalmou quando o encontrou.
Entre os 11 mortos, quatro eram crianças ou adolescentes. Metade das dezenas de feridos eram estudantes. Grande parte havia embarcado no ônibus pouco antes de a explosão acontecer. Testemunhas afirmam ter escutado sobreviventes gritando "mamãe, mamãe". O material escolar, junto com sanduíches e sucos para a merenda, ficaram abandonados ao lado dos corpos.
Pais do bairro de Kiryat Menahem saíram correndo de seus apartamentos chorando. "Onde estão meus filhos?", gritavam, enquanto crianças feridas na explosão pediam por suas mães.
Uma avó morreu ao lado de seu neto de oito anos. Uma mãe morreu com o filho no colo. A explosão espalhou sangue por um raio de cerca de 30 metros.
"De repente, houve uma grande explosão. Alguma coisa caiu sobre a minha cabeça e eu caí no chão. Ao redor de mim havia muitos corpos. Tinha gente que ia para o trabalho e muitos estudantes do segundo grau que se dirigiam para a escola", disse Yitzhac Cohen, um dos passageiros.
Tamar Ravivo se sentou nos fundos do ônibus. "Nunca imaginei que um atentado pudesse acontecer perto da minha casa", disse ela. "Estava apenas lendo meu livro quando aconteceu a explosão. Vi corpos voando."
"O barulho e a explosão foram tão altos que pensei que o telhado da minha casa tivesse saído do lugar", afirmou Ariel Gino, que vive em frente ao local do ataque.
"Corri para ajudar as vítimas. Muitas gritavam, outras choravam. Vi cinco ou seis pessoas dentro do ônibus que não se moviam. Muitas estavam estiradas nas ruas, com sangues no rosto. Outras também tinham queimaduras", acrescentou Gino.


Com agências internacionais


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