do enviado a Haia

O sucesso econômico da Holanda tem como fundamento um pacto social entre governo, trabalhadores e empresários que permitiu ao país reformar o sistema de bem-estar social e ganhar competitividade. É o chamado modelo Polder.
Polder é o nome dado às áreas que a Holanda conquistou do mar, por meio de um sistema de drenagem e diques. Pouco mais da metade do país fica abaixo do nível do mar.
A origem do modelo foi a constatação, no começo dos anos 80, de que o sistema de seguridade social era caro, impunha um pesado fardo fiscal sobre o contribuinte e onerava as empresas, desestimulando a atividade econômica e a criação de empregos.
Um pacto tripartite resultou nas seguintes medidas:
1) O governo se comprometeu a reduzir gastos públicos, principalmente por meio da reforma da seguridade social. O princípio básico foi manter a assistência total a quem necessita, mas estimular as demais pessoas a se sustentar. Com isso, o governo pôde reduzir impostos e encargos trabalhistas;
2) As empresas aceitaram a redução da jornada de trabalho sem diminuição de salário. Em compensação, ganharam com a redução dos encargos trabalhistas e da taxa de juros;
3) Os trabalhadores aceitaram congelamento de salários e corte de benefícios sociais em troca de mais postos de trabalho e redução dos impostos.
O modelo procurou aliar esquemas de proteção social tradicionais da Europa a fundamentos de política econômica liberais, como redução e controle rígido do déficit público e da inflação.
Os resultados começaram a aparecer em meados dos anos 90. Em poucos anos, a Holanda passou de patinho feio a modelo na Europa. O último índice anual de competitividade coloca o país em quarto lugar, atrás apenas dos EUA, de Cingapura e de Hong Kong.
Pesquisa publicada em março pela revista britânica "The Economist" aponta o país como o que mais favorece negócios no mundo, no período de 1998 a 2002. Entre os 25 países analisados, o Brasil ficava em último lugar. (HS)



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