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São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Segundo chefe do Estado-Maior dos EUA, documentos achados com ex-ditador permitiram pegar insurgentes

Prisão de Saddam levou à captura de "centenas", diz Myers

DA REDAÇÃO

A prisão do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein, no último dia 13, permitiu a captura de "várias centenas de iraquianos", incluindo a de líderes da insurgência, disse o chefe do Estado-Maior americano, Richard Myers.
No entanto, em entrevista ao programa "Fox News Sunday", da rede americana de TV Fox News, o general afirmou que as informações não vieram do ex-ditador, mas de documentos encontrados com ele que deram aos EUA uma idéia mais clara sobre o funcionamento das células de insurgentes.
"Colocamos nossos melhores interrogadores para trabalhar com ele. Tudo que sei é que ele não está cooperando", disse o general. A CIA (serviço secreto dos EUA) está conduzindo as sessões.
Myers, que na semana passada fez uma visita-surpresa às tropas no Iraque, disse não ter um número preciso porque "as detenções continuam ocorrendo". Mas no programa "Face the Nation", da TV CBS, o general afirmou que seria de "mais de 200 pessoas".
A captura do ex-ditador deu novo fôlego às operações contra a insurgência, que já vinham sendo mais intensas nas últimas semanas e tiveram sucesso em reduzir os ataques contra soldados dos EUA, que só no pós-guerra causaram 200 baixas. O foco é o Triângulo Sunita, região a norte e a oeste de Bagdá que inclui cidades como Fallujah, Tikrit e Samarra, bastiões do regime deposto.
Por outro lado, ataques contra alvos iraquianos se tornaram mais comuns. Segundo Myers, na semana passada foi descoberto um plano dos insurgentes para sequestrar membros do Conselho de Governo Iraquiano e oferecê-los em troca de Saddam. Ele não deu detalhes, dizendo apenas que o fato "não era uma surpresa".
O comando americano acredita que a violência seguirá, e o general reiterou que cerca de 100 mil soldados dos EUA devem ficar no país por ao menos dois anos -hoje há 130 mil.
Anteontem, os insurgentes explodiram um oleoduto no norte do país e ontem incendiaram tanques de um depósito de gasolina em Bagdá, destruindo cerca de 10 milhões de litros do produto.
No escopo político, o presidente do conselho iraquiano, Abdul Aziz al Hakim, afirmou, durante visita à Síria e após conversar com o ditador Bashar al Assad, que o país vizinho está ajudando a impedir a entrada de combatentes estrangeiros no Iraque -ao contrário do que dizem os EUA.
Na Polônia, o presidente Aleksander Kwasniewski afirmou que visitará os 2.400 soldados de seu país no Iraque, mas não disse quando. Anteontem, o premiê espanhol, José María Aznar, visitou suas tropas ao sul de Bagdá.
Na Bélgica, o cardeal Godfried Danneels, um dos cotados a suceder o papa João Paulo 2º, defendeu a pena de morte para Saddam -algo que o presidente dos EUA, George W. Bush, fizera na semana passada. Entretanto Danneels, arcebispo de Bruxelas, disse que o ex-ditador deveria ser sentenciado "simbolicamente" para satisfazer a opinião pública, mas poupado da execução.


Com agências internacionais


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