São Paulo, sexta, 23 de janeiro de 1998.



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COMENTÁRIO
Fala é resposta a Fidel

RODRIGO LEITE
da Redação

Ao defender o ensino religioso, durante sua primeira missa em solo cubano, João Paulo 2º também respondia a um dos pontos mais agudos do discurso de Fidel Castro, anteontem, no aeroporto José Martí.
Em sua fala, Fidel mencionou o fato de ter estudado em escolas católicas. Naqueles lugares, segundo ele, professar qualquer outra religião era "uma horrível falta".
"O respeito aos crentes e aos não-crentes é um princípio básico dos revolucionários cubanos", disse Fidel, que também trazia um pedido implícito de desculpas -se alguma vez as atividades da igreja foram dificultadas, disse o dirigente comunista, não é culpa da revolução.
Na realidade, as atividades de educação da Igreja Católica foram eliminadas pela Revolução Comunista que, durante três décadas, tornou o país oficialmente ateu.
Antes da chegada de Fidel e seu grupo ao poder, a igreja mantinha 212 escolas e três universidades do país (um total de mais de 60 mil alunos). Nos anos 60, os religiosos perderam os seus estabelecimentos de ensino.
O papa, em seu pronunciamento de ontem, tentou sinalizar que educação católica e educação socialista não são necessariamente excludentes, ou, nas palavras dele, "os valores do Evangelho de Jesus Cristo nunca são um perigo para nenhum projeto social".
De qualquer forma, o que é importante para a igreja em Cuba, neste momento, é ter um espaço para atrair novos fiéis -e retomar as escolas seria uma conquista importante dentro dessa estratégia.



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