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COMENTÁRIO
Fala é resposta a Fidel
RODRIGO LEITE
da Redação
Ao defender o ensino religioso, durante sua primeira missa
em solo cubano, João Paulo 2º
também respondia a um dos
pontos mais agudos do discurso de Fidel Castro, anteontem,
no aeroporto José Martí.
Em sua fala, Fidel mencionou
o fato de ter estudado em escolas católicas. Naqueles lugares,
segundo ele, professar qualquer outra religião era "uma
horrível falta".
"O respeito aos crentes e aos
não-crentes é um princípio básico dos revolucionários cubanos", disse Fidel, que também
trazia um pedido implícito de
desculpas -se alguma vez as
atividades da igreja foram dificultadas, disse o dirigente comunista, não é culpa da revolução.
Na realidade, as atividades de
educação da Igreja Católica foram eliminadas pela Revolução
Comunista que, durante três
décadas, tornou o país oficialmente ateu.
Antes da chegada de Fidel e
seu grupo ao poder, a igreja
mantinha 212 escolas e três
universidades do país (um total
de mais de 60 mil alunos). Nos
anos 60, os religiosos perderam
os seus estabelecimentos de ensino.
O papa, em seu pronunciamento de ontem, tentou sinalizar que educação católica e
educação socialista não são necessariamente excludentes, ou,
nas palavras dele, "os valores
do Evangelho de Jesus Cristo
nunca são um perigo para nenhum projeto social".
De qualquer forma, o que é
importante para a igreja em
Cuba, neste momento, é ter um
espaço para atrair novos fiéis
-e retomar as escolas seria
uma conquista importante
dentro dessa estratégia.
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