São Paulo, Domingo, 23 de Janeiro de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Índice

FAVORITISMO INTACTO

Bush supera deslizes iniciais de campanha

de Nova York

Há alguns anos, George W. Bush nunca imaginaria que Atal Behari Vajpayee e Aslan Maskhadov, respectivamente premiê da Índia e líder tchetcheno, estivessem no centro de um dos piores momentos de sua campanha para a sucessão de Clinton.
Durante uma entrevista à TV em novembro, um repórter perguntou a Bush se ele saberia dizer os nomes dos líderes da Índia, do Paquistão, da Tchetchênia e de Taiwan. Nervoso, ele se lembrou do taiwanês mas não soube dizer os outros três nomes.
Depois do incidente, Bush passou a ter seu conhecimento sobre política externa e sua "capacidade intelectual" questionados por órgãos da mídia dos EUA.
Outros maus momentos aconteceram nos debates. Depois de ter sido várias vezes descrito como relutante e de ter tido suas falas classificadas como "robotizadas", ele sentiu que precisava mudar. Na semana passada, já estava mais relaxado e contundente.
"Eu sou um competidor. Quero ganhar. E sou prudente o suficiente para entender que todos nós precisamos melhorar na vida", afirmou à revista "Time".
Desde que se lançou candidato, o governador do Texas e filho do ex-presidente republicano George Bush está na frente em todas as pesquisas. Além disso, conseguiu atrair para sua campanha a soma recorde de US$ 77 milhões. Boa parte de seus doadores são os empresários do petróleo do Texas, setor do qual ele já fez parte como dirigente da empresa da família, nos anos 80.
Muitos analistas políticos têm se perguntado porque Bush é tão popular já que não têm uma carreira política expressiva. O sobrenome, com certeza, faz diferença. Além do pai, que foi derrotado por Bill Clinton em 1991, também a mãe, Barbara Bush, está empenhada na campanha do filho.
Uma das primeiras-damas mais populares do país, Barbara Bush já foi a vários jantares para arrecadação de fundos e está agora fazendo campanha em New Hampshire, onde acontece a primária mais tradicional dos EUA.
Seu irmão, Jeb Bush, governa a Flórida, Estado eminentemente hispânico. É um grupo em que Bush é muito bem aceito. Quando foi reeleito para o governo do Texas, em 98, teve 49% dos votos da comunidade hispânica.
Parte de sua boa performance nas pesquisas está sendo atribuída ao que os comentaristas políticos chamam de fatiga de Clinton.
Exemplo: segundo a última pesquisa CNN/Gallup/USA Today sobre a corrida eleitoral, 65% dos entrevistados consideram que Bush tem as qualidades pessoais que um presidente deve ter. A principal é ser alguém que 73% dos eleitores dizem respeitar.
"Clinton deixou as pessoas muito envergonhadas de sua conduta. O caráter do candidato será muito importante nessa eleição", afirma Ross Baker, cientista político da Rutdgers University.
Mas Bush também já teve seu passado questionado. Uma biografia não-autorizada lançada ano passado afirma que ele foi preso por uso de cocaína em 72, o que ele nega, apesar de sua resposta padrão ser sempre que não usa drogas ilegais desde 74. No entanto Bush assumiu, em sua autobiografia, ter sido alcoólatra até 86, quando abandonou o vício influenciado por um líder religioso amigo da família.


Texto Anterior: Gore recorre a anedotas e a apertos de mão
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.