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Medida era inevitável, diz economista
ROGERIO WASSERMANN
DA REDAÇÃO
A decisão do governo venezuelano de controlar o
câmbio teria de ser tomada
com ou sem a greve geral, na
avaliação do economista
Luis Beltrán Petrosini, da
Universidade Católica Andrés Bello, de Caracas.
"Já vínhamos de uma grave recessão. A greve geral
piora a situação", disse ele
em entrevista à Folha, por
telefone. "Mas acho que,
mesmo sem a paralisação, o
governo seria obrigado a
controlar o câmbio", afirmou. Para ele, a medida
"afugentará ainda mais os
investidores estrangeiros".
Folha - O feriado cambial é
consequência da greve geral?
Luis Beltrán Petrosini - Sem
dúvida. Mas já havia toda
uma situação do ano passado. Lembre-se de que, na
Venezuela, o PIB cai algo entre 8% e 9% em 2002. Então
já estávamos em uma grave
recessão. Naturalmente, a
greve geral piora a situação.
Mas acho que, mesmo sem
ela, o governo seria obrigado
a controlar o câmbio.
Folha - Que consequências
esse controle terá sobre a economia?
Beltrán - Isso naturalmente
afugentará ainda mais os investidores. Em meio a essa
crise, duvido que exista algum investidor disposto a
iniciar um negócio no país.
Folha - Quais são as perspectivas para a economia?
Beltrán - Nos últimos 25
anos, a mais grave crise econômica sofrida por um país
na América Latina ocorreu
em 1993 em Cuba, cujo PIB
caiu 16%, após a queda do
Muro de Berlim. Nós, do jeito que estamos, vamos superar amplamente esse índice.
E, se a crise política não for
solucionada, o efeito será
ainda mais grave.
Folha - A crise econômica
origina-se da crise política?
Beltrán - A raiz do problema é um governo que quer
implementar um sistema
político e econômico ao qual
boa parte da população resiste. Aí se gerou uma radicalização que levou à crise
pela qual passamos.
Folha - A greve segue com a
mesma força?
Beltrán - Acho que a paralisação vai morrer de inanição
até o fim do mês. Já vejo
muitas empresas reiniciando os trabalhos, principalmente nos setores de comércio e serviço.
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