|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IRAQUE
Países acertam posição comum; Chirac quer "todas as chances à paz'; "usarei todo o meu poder" para evitar conflito, diz Schröder
Xavier Lhospice/Reuters
|
Chirac (à dir.), presidente francês, e Schröder, chanceler alemão, gesticulam durante entrevista dada depois da cúpula em Versalhes |
França e Alemanha se unem contra guerra
DA REDAÇÃO
A França e a Alemanha declararam ontem que vão unir esforços
para evitar uma guerra contra o
Iraque. A medida representa uma
escalada na oposição à política
dos EUA e do Reino Unido, que
ameaçam lançar ofensiva contra o
ditador Saddam Hussein.
Num sinal de que a posição
apresentada não será apenas retórica, Paris e Berlim bloquearam
na Otan (aliança militar ocidental) discussões sobre um pedido
de Washington de auxílio logístico aos aliados em caso de conflito.
Numa reunião de cúpula em
Versalhes, em comemoração ao
40º aniversário do Tratado do Eliseu de amizade franco-alemão, o
presidente francês, Jacques Chirac, e o chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, disseram
que o uso da força só pode ocorrer
se autorizado pelo Conselho de
Segurança (CS) da ONU.
"A guerra não é inevitável", declarou Chirac, diante de parlamentares franceses e alemães reunidos no Palácio de Versalhes.
"A França e a Alemanha (...) estão coordenando suas posições
para dar à paz todas as chances
possíveis", afirmou Chirac, que
pediu mais tempo -vários meses- para as inspeções de armas.
Schröder disse que a França e a
Alemanha tentarão falar com
uma só voz a esse respeito. O governante alemão reafirmou que
não votaria a favor de uma resolução da ONU autorizando a guerra. "Usarei todo o meu poder para
que isso [o desarmamento iraquiano] ocorra sem guerra".
O presidente dos EUA, George
W. Bush, tem repetido diariamente que ainda não viu provas
de que Saddam tenha se livrado
de suas armas de destruição em
massa. O governo americano está
concentrando mais de 100 mil homens no golfo Pérsico. Bush se
mostra disposto a utilizá-los mesmo sem autorização prévia do
Conselho de Segurança, caso considere que Bagdá não está cooperando para o seu desarmamento.
Ontem, o premiê britânico,
Tony Blair, defendeu posição semelhante. Disse que apoiará uma
ação militar "em caso de uma segunda resolução da ONU" ou "se
Saddam estiver em clara violação
[das resoluções da ONU] e um
bloqueio irracional impedir uma
nova resolução do CS".
O secretário de Estado americano, Colin Powell, disse anteontem
que as atuais discrepâncias entre
os EUA e a França são um incidente insignificante nas relações
entre os dois países. "Nossa posição é que Saddam tem de ser desarmado e pode fazê-lo ou pacificamente ou deixando o poder e
permitindo que outros o façam",
disse Powell. "Espero que os franceses entendam a necessidade e a
importância dessa estratégia."
Blix
O chefe dos inspetores da ONU,
o sueco Hans Blix, afirmou ontem
que o Iraque impediu a realização
de entrevistas reservadas com
cientistas iraquianos. O governo
de Bagdá, disse ele, se negou a
permitir vôos de aviões de monitoramento U-2 e ainda não divulgou informação suficiente sobre
os seus programas de armas.
Blix, entretanto, observou que
as autoridades iraquianas têm dado livre acesso aos inspetores, que
não encontraram "nada escondido em grandes quantidades".
A opinião de Blix tem grande
importância. Na segunda-feira,
ele apresentará ao Conselho de
Segurança um balanço do que foi
achado nos primeiros 60 dias de
inspeções no Iraque e de que forma Bagdá tem cooperado.
O passo seguinte é motivo de
controvérsias. Os países que tentam evitar a guerra e dar mais
tempo às inspeções argumentam
que, mesmo que Blix diga que o
Iraque viola as resoluções da
ONU, o uso da força só seria legítimo após autorização do CS.
Washington e Londres sustentam que a resolução 1441, aprovada em novembro pelo CS e que
prevê "sérias consequências" caso
o Iraque não se desarme, já serviria para legitimar um ataque.
O Iraque disse ontem ter abatido um Predator, avião americano
de espionagem sem piloto. Washington disse se tratar de "mentiras". Os iraquianos não revelaram
fotos nem em que local a aeronave teria sido atingida.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Fast food: Juiz inocenta McDonald's em ação por obesidade infantil Próximo Texto: Na ONU, EUA enfrentam resistência entre aliados Índice
|