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ORIENTE MÉDIO
Procuradora diz que há provas para indiciá-lo em caso de corrupção; premiê nega e descarta renúncia
Metade dos israelenses quer saída de Sharon
DA REDAÇÃO
Metade da população israelense
quer que o premiê de Israel, Ariel
Sharon, renuncie ou peça licença
do cargo agora, mesmo que ainda
não esteja provado o seu envolvimento em um caso de suborno. É
o que mostra pesquisa publicada
ontem no diário "Yediot Ahronot", um dos principais do país.
Sharon negou a acusação e disse
ontem que não vai sair. "Não pretendo renunciar. Enfatizo: não
pretendo renunciar. Estou ocupado com o meu trabalho e não vou
perder tempo com assuntos em
investigação", afirmou. Mais tarde, Sharon acrescentou que pretende permanecer no cargo até o
final, em 2007.
Assessores afirmaram que Sharon não pretende renunciar mesmo que seja indiciado.
Porém dois ministros afirmaram que, se indiciado, Sharon terá
de renunciar. "Se [Sharon for indiciado] -e espero que isso não
ocorra- , não há dúvida de que
ele não poderá permanecer no
cargo", disse a ministra da Educação, Limor Livnat.
O ministro do Interior, Avraham Poraz, líder do Shinui (partido laico), que promove uma "limpeza do governo", disse que, em
caso de indiciamento, Sharon terá
de renunciar.
Para a procuradora-geral de Israel, Edna Arbel, há provas suficientes para indiciar Sharon por
recebimento de suborno do empreendedor imobiliário David
Appel, que foi indiciado anteontem. A decisão sobre o indiciamento de Sharon pode sair nas
próximas semanas. Existe a possibilidade de o premiê ser chamado
para depor nos próximos dias.
Esquema
Appel está sendo acusado de ter
subornado Sharon, Gilad, filho do
premiê, e o vice-premiê Ehud Olmert no final dos anos 90. Na época, Sharon era chanceler, e Appel
pretendia conseguir apoio do governo em seus empreendimentos.
Ao todo, teriam sido pagos US$
590 mil para Gilad, e US$ 100 mil
teriam sido destinados para o
rancho da família Sharon.
Gilad foi contratado por Appel
para prestar consultoria num
projeto de construção de um resort numa ilha grega, apesar de o
filho de Sharon não ter nenhuma
experiência para exercer a função.
O projeto acabou não sendo levado adiante, mas Appel teria sido favorecido em empreendimentos imobiliários em Israel e
continuou pagando salário para
Gilad, mesmo com o empreendimento na Grécia suspenso.
Segundo o indiciamento do empreendedor, Appel pediu ajuda a
Sharon para que fossem retirados
obstáculos de um negócio que ele
estava realizando. Na ocasião,
Appel disse que Gilad poderia
"receber muito dinheiro" se Sharon ajudasse.
Appel teria ameaçado o ex-diretor da Administração das Terras
de Israel (órgão responsável pelo
zoneamento) Avi Drexler, afirmando que utilizaria as suas influências com Gilad Sharon para
despedi-lo do cargo por bloquear
mudanças no zoneamento. Drexler foi demitido, mas não se sabe
se por interferência de Gilad.
O empreendedor conseguiu
que Sharon e Gilad participassem
de uma recepção para uma delegação de políticos gregos que foram a Israel. O objetivo era conseguir favorecimento no empreendimento na ilha grega.
Pesquisa
Além de cerca da metade (49%)
da população de Israel querer a
saída de Sharon (outros 38% dizem que ele deve continuar), 63%
acham que ele deveria renunciar
se provado o seu envolvimento e
53% disseram que acreditam que
o premiê esteja ligado ao suborno.
Sharon também está sendo investigado em outros dois casos de
corrupção.
Em um deles, Sharon é acusado
de ter recebido uma contribuição
de US$ 1,5 milhão de um empresário da África do Sul -em Israel,
políticos não podem receber doações de estrangeiros.
No outro caso, membros do comitê central do Likud teriam recebido dinheiro em troca de votos
na escolha da lista de candidatos
do partido nas eleições gerais no
ano passado.
Nabil Abu Rudeinah, principal
assessor do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser
Arafat, disse ontem que Sharon
poderá realizar "uma aventura
militar nos territórios palestinos"
para desviar a atenção do caso de
suborno.
Caso Sharon decida renunciar,
o Parlamento será dissolvido e será convocada nova eleição.
Palestino morto
Um menino palestino de 11 anos
foi morto pelo Exército de Israel
perto da barreira que separa o
país da faixa de Gaza.
Israel afirmou que um grupo de
adolescentes se aproximou da
barreira. Os soldados, temendo
que eles lançassem uma bomba,
disparam. Os palestinos disseram
que caçavam passarinhos.
Com agências internacionais
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