São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2004

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FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL

EUA querem globalizar "guerra à corrupção"

Secretário americano diz que prática mina combate à pobreza e desenvolvimento econômico; iniciativa foi vetada na Cúpula das Américas

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

Os EUA relançaram ontem a sua guerra à corrupção, que perderam no âmbito hemisférico durante a Cúpula Extraordinária das Américas, recém-realizada em Monterrey (México).
Ontem, em Davos, o secretário da Justiça, John Ashcroft, equiparou a guerra ao terrorismo ao combate à corrupção ao dizer: "Assim como não podemos esperar pelo próximo ataque terrorista, não podemos esperar pela próxima propina ser paga, antes de nos movermos para brecar futuras atividades corruptas".
Emendou: "Estamos vencendo a guerra ao terrorismo, mas a corrupção ameaça a capacidade de empresários e governos de atuar juntos para pôr fim à praga da pobreza e para expandir as conquistas humanas".
É uma alusão ao fato de que funcionários públicos que recebem propinas desviam dinheiro de "melhores estradas, água mais limpa e escolas mais modernas".
O secretário citou cálculos do Banco Mundial, segundo os quais a corrupção leva algo em torno de US$ 2,3 trilhões, o equivalente ao Orçamento da maior potência do planeta, os próprios EUA.
Ashcroft defendeu uma cooperação internacional inédita para detectar e brecar a corrupção. No mês passado, os EUA assinaram uma convenção anticorrupção das Nações Unidas. Esta exige que os políticos revelem suas finanças durante campanhas eleitorais e que os países devolvam ativos desviados pela corrupção.
Em Monterrey, os EUA propuseram uma cláusula pela qual países corruptos ficariam excluídos do processo interamericano, mas a proposta foi vetada por 31 dos 34 países participantes, incluindo o Brasil. Foi endossada apenas por Canadá e El Salvador, além dos EUA.
Mas o documento aprovado defende, como a convenção da ONU, a devolução de ativos obtidos por meio da corrupção.


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