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NOVOS MILONGUEIROS
Novos salões de baile na capital argentina permitem que homossexuais dancem entre si sem enfrentar preconceito
Tango entra no circuito homossexual de Buenos Aires
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
O tradicional tango argentino
entrou no circuito gay de Buenos Aires. Atualmente, casais
homossexuais que antes não se
aventuravam nas milongas portenhas (como são conhecidas as
casas de tango populares), por
medo do preconceito, já têm um
lugar onde ensaiar uns passos
da dança.
Trata-se do caso de La Marshall, uma das primeiras milongas gays portenhas, criada há sete meses.
"Os meninos tinham uma inquietação. Eles tinham onde
aprender a dançar o tango, mas
não tinham onde dançar. Esse
lugar nasceu dessa necessidade", explicou o professor de tango Augusto Balizano, um dos
donos da milonga, localizado
no bairro de Palermo.
Em La Marshall, 90% dos freqüentadores são homens
-desde rapazes de 20 anos até
senhores de 60. Alguns são bastante tímidos e desajeitados.
Outros, visivelmente já familiarizados com os passos da dança.
"Não creio que seja proibido o
baile entre homens em uma milonga tradicional. Mas não seria
muito bem-visto. Ainda há
muito milongueiro machista",
afirmou Edgardo Gargano, outro dono da milonga e também
professor de tango.
"Nós nunca dançaríamos juntos numa milonga tradicional",
contou o casal Leonardo, 36, e
César, 41, frequentadores do lugar. "O problema é o preconceito. Ficaríamos sob os olhares de
todo mundo", disse Leonardo.
A fama de machista que envolve o tango não é por acaso.
Na milonga tradicional, por
exemplo, é sempre o homem
quem escolhe a parceira e a tira
para dançar, nunca o contrário.
É o homem também quem comanda a dança. Porém, no passado, já foi comum homens
dançarem com homens, não se
levando em conta se eram homossexuais ou não.
"A gente queria um lugar mais
relaxado, onde as pessoas que
vêm não tenham que se sujeitar
aos códigos das milongas portenhas", explicou Balizano.
Em março, reabre a milonga
lésbica Marlene, no bairro de
Boedo, após uma interrupção
no final de 2001.
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