São Paulo, sábado, 23 de janeiro de 1999

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Chileno perdeu irmãos em duas emboscadas

da Reportagem Local

Segundo a lista oficial de mortos por motivos políticos no Chile, 112 militares e policiais morreram entre 11 de setembro de 1973, dia do golpe militar, e 11 de março de 1990, quando o democrata-cristão Patricio Aylwin, eleito democraticamente, assumiu a Presidência.
Na lista de mortos, estão os irmãos Venegas: Eliseu, 23, e Jorge, 21. Ambos do Exército, foram assassinados em setembro de 1973, em emboscadas.
"Sofremos muito, mas os respeitamos porque decidiram ser militares e morreram pelo Chile", diz o irmão Eugenio, 49.
O número de mortos durante o regime militar foi estabelecido pela Comissão Nacional de Verdade e Reconciliação, criada em 1990. Inclui os membros das forças de segurança que morreram em consequência de ações armadas contra o regime militar.
O número total de vítimas da violência política foi de 3.197 pessoas.
A soma inclui todos os mortos durante o regime militar reconhecidos oficialmente pela comissão, substituída pela Comissão Nacional de Reparação e Reconciliação.
Segundo a Fundação Augusto Pinochet, 224 pessoas, entre militares, policiais e civis, morreram em consequência de ações terroristas de grupos de esquerda entre 1973 e 1987.
Livia Valenzuela, 43, perdeu seu marido, o cabo Cardenio Hernandez Cubillos, no atentado da Frente Patriótica Manuel Rodríguez (FPMR) contra o general Augusto Pinochet, em 1986. O presidente sobreviveu, mas cinco de seus guarda-costas morreram.
"Meu marido dirigia o carro que foi atingido por uma granada. Conseguiu sair do carro, mas estava tão desorientado que correu em direção aos terroristas. Foi atingido por 17 tiros", disse Livia, por telefone, à Folha.
Em 1989, poucos meses antes do fim do regime militar, o tenente Roberto Zegers, 24, foi morto por um terrorista da FPMR. "Ele estava de plantão, num domingo, em frente à Academia de Guerra do Exército. Levou um tiro pelas costas", afirmou sua irmã, Monica.
Os três familiares de militares mortos querem a volta de Pinochet ao Chile. "Se querem julgá-lo, que o façam aqui. Os tribunais estrangeiros não viveram nossa realidade", diz Monica Zegers, 46.
"No Chile, houve um perdão (Lei de Anistia). Se querem julgar Pinochet, vamos julgar também os terroristas", diz Livia Valenzuela.
"Houve uma guerra e caíram pessoas dos dois lados. Não guardo rancor da esquerda, só quero paz e boa convivência social", afirma Eugenio Venegas. (OD)



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