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Chileno perdeu irmãos em duas emboscadas
da Reportagem Local
Segundo a lista oficial de mortos
por motivos políticos no Chile, 112
militares e policiais morreram entre 11 de setembro de 1973, dia do
golpe militar, e 11 de março de
1990, quando o democrata-cristão
Patricio Aylwin, eleito democraticamente, assumiu a Presidência.
Na lista de mortos, estão os irmãos Venegas: Eliseu, 23, e Jorge,
21. Ambos do Exército, foram assassinados em setembro de 1973,
em emboscadas.
"Sofremos muito, mas os respeitamos porque decidiram ser militares e morreram pelo Chile", diz o
irmão Eugenio, 49.
O número de mortos durante o
regime militar foi estabelecido pela
Comissão Nacional de Verdade e
Reconciliação, criada em 1990. Inclui os membros das forças de segurança que morreram em consequência de ações armadas contra o
regime militar.
O número total de vítimas da violência política foi de 3.197 pessoas.
A soma inclui todos os mortos
durante o regime militar reconhecidos oficialmente pela comissão,
substituída pela Comissão Nacional de Reparação e Reconciliação.
Segundo a Fundação Augusto Pinochet, 224 pessoas, entre militares, policiais e civis, morreram em
consequência de ações terroristas
de grupos de esquerda entre 1973 e
1987.
Livia Valenzuela, 43, perdeu seu
marido, o cabo Cardenio Hernandez Cubillos, no atentado da Frente Patriótica Manuel Rodríguez
(FPMR) contra o general Augusto
Pinochet, em 1986. O presidente
sobreviveu, mas cinco de seus
guarda-costas morreram.
"Meu marido dirigia o carro que
foi atingido por uma granada.
Conseguiu sair do carro, mas estava tão desorientado que correu em
direção aos terroristas. Foi atingido por 17 tiros", disse Livia, por telefone, à Folha.
Em 1989, poucos meses antes do
fim do regime militar, o tenente
Roberto Zegers, 24, foi morto por
um terrorista da FPMR. "Ele estava
de plantão, num domingo, em
frente à Academia de Guerra do
Exército. Levou um tiro pelas costas", afirmou sua irmã, Monica.
Os três familiares de militares
mortos querem a volta de Pinochet
ao Chile. "Se querem julgá-lo, que
o façam aqui. Os tribunais estrangeiros não viveram nossa realidade", diz Monica Zegers, 46.
"No Chile, houve um perdão (Lei
de Anistia). Se querem julgar Pinochet, vamos julgar também os terroristas", diz Livia Valenzuela.
"Houve uma guerra e caíram
pessoas dos dois lados. Não guardo rancor da esquerda, só quero
paz e boa convivência social", afirma Eugenio Venegas.
(OD)
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