São Paulo, sexta-feira, 23 de fevereiro de 2001

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TERROR

Autoridades espanholas dizem que foi tentativa de intimidação dos separatistas devido à antecipação das eleições na região

Carro-bomba do ETA mata 2 no País Basco

ELIZABETH NASH
DO "THE INDEPENDENT"

A explosão de um carro-bomba matou ontem dois funcionários de uma fábrica na cidade de San Sebastián, no País Basco (norte da Espanha). O ataque, atribuído ao grupo separatista basco ETA (Pátria Basca e Liberdade, em basco), foi considerado uma resposta ao anúncio de eleições antecipadas na região autônoma.
Horas depois do atentado, a polícia francesa informou que prendeu Francisco Xabier García Gaztelu, conhecido por Txapote e reputado como líder militar do ETA. O militante, suspeito de 12 assassinatos, teria sido detido enquanto almoçava num restaurante de Anglet, cidade basca no território francês.
O ataque de ontem elevou para 26 o número de mortes na campanha de terror inaugurada em dezembro de 1999, após o fim unilateral de um cessar-fogo de 14 meses.
O veículo que explodiu, carregado com 6 kg de dinamite, estava estacionado perto da estação de trem Martutene, ao lado da fábrica Elektra, na qual trabalhavam as vítimas.
As autoridades espanholas afirmaram crer que o ataque tinha como alvo Inaki Dubreuil Churruca, vereador socialista de Ordizia (Província de Guipúzcoa), ferido gravemente com seu guarda-costas.
Ao todo, seis homens foram levados para o hospital local. Acabaram morrendo José Angel Santos Larrañaga, 40, e Josu Leonet Azkona, 31, apontado como membro do Euskal Herritarrok, braço político do ETA. Três dos feridos sofreram cirurgias devido a queimaduras, fraturas e ferimentos causados por estilhaços.

Votos contra o terror
O ataque parece ter sido uma reação à antecipação da eleição regional basca para o dia 13 de maio, medida anunciada na terça-feira passada.
O premiê espanhol, José María Aznar, conferiu ao pleito importância nacional no combate à violência separatista.
O ministro do Interior do país, o basco linha-dura Jaime Mayor Oreja, deverá ser indicado por Aznar como candidato do Partido Popular (PP) à Presidência basca. Oreja, um dos mais experientes e leais ministros de Aznar, afirma que deseja concorrer.
A disputa eleitoral, que não deveria ocorrer antes de 2002, foi antecipada porque o conservador PNV (Partido Nacionalista Basco), hegemônico na região por duas décadas, passou a contar com uma minoria no Parlamento basco depois da defecção de deputados pró-ETA, há seis meses. Além do isolamento e da impotência, o PNV tem sofrido do PP acusações de complacência em relação ao grupo separatista.
O partido de Aznar acredita que, pela primeira vez desde a instalação do Legislativo autônomo basco, há 20 anos, poderá conquistar o poder no País Basco.
O PP e os socialistas assinaram em dezembro um pacto inédito para separar a política antiterror da rivalidade partidária.
O acordo pôs em evidência o líder socialista José Luiz Rodriguez Zapatero. Mas os bascos socialistas temem não conseguir realizar uma boa campanha, por causa da necessidade de demonstrar fidelidade à aliança com o governo.


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