São Paulo, segunda-feira, 23 de fevereiro de 2004

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MASSACRE

Refugiados foram atacados em campo e queimados em choupanas

Rebeldes matam 192 em Uganda

DA REDAÇÃO

Quase 200 pessoas foram assassinadas, no sábado à noite, em um campo de refugiados, em Lira (300 quilômetros ao norte de Campala, capital de Uganda).
A morte dos civis foi atribuída a rebeldes do grupo Exército de Resistência do Senhor (ERS). Os rebeldes de Uganda mataram e queimaram 192 pessoas no pior ataque sangrento dos últimos anos, afirmou um funcionário da administração da cidade.
As mortes causadas por ataques do ERS, grupo baseado em uma região no sudeste de Sudão, põem em xeque as repetidas afirmações do governo ugandense de que seu Exército estaria próximo de derrotar o ERS, liderado pelo autoproclamado profeta Joseph Kony.
Daniel Odwedo, funcionário administrativo de Lira, afirmou que as autoridades contaram 192 corpos. Foi o pior ataque do grupo desde sua criação, em 1986.
"Estou aqui no hospital de Lira, e o balanço que recebemos é de 192 corpos", afirmou Odwedo.
"No sábado à noite, os rebeldes atacaram um campo refugiados com armas automáticas e granadas. Muitas vítimas morreram queimadas, depois que os rebeldes as cercaram e as obrigaram a entrar nas choupanas, às quais atearam fogo", disse ontem Charles Angiro, autoridade local. "Aproximadamente 480 choupanas foram incendiadas, deixando 4.800 pessoas sem teto."
De acordo com as Forças Armadas de Uganda, os rebeldes iniciaram o ataque utilizando fogo de artilharia. "Quando o Exército percebeu que os rebeldes estavam fortemente armados, os refugiados foram instruídos a deixar o campo. Em vez disso, eles correram para suas cabanas de palha, que foram incendiadas pelos rebeldes", afirmou o padre Sebat Ayala, que trabalha como missionário na região.
Segundo o padre, havia 36 soldados destacados para proteger o campo de refugiados, que abrigava cerca de 4.800 pessoas. "Esse número era insuficiente para lutar contra mais de cem rebeldes fortemente armados."
De acordo com o religioso, a maioria dos refugiados escapou para as redondezas e voltou ao campo no domingo pela manhã.
Os ataques do ERS forçaram centenas de milhares de pessoas a sair de suas cidades no nordeste de Uganda em busca de proteção em campos de refugiados.
O Exército afirmou que o ataque de sábado era uma vingança pelos 95 rebeldes mortos pelos soldados do governo no norte do país, nos últimos três dias.
O ERS já seqüestrou milhares de crianças. As meninas se tornam escravas sexuais, e os meninos vão para o combate. Para o ERS, sua luta é para melhorar o nordeste do país, mas o grupo não esclarece suas reivindicações.


Com agências internacionais


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