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BÁLCÃS
Para a Macedônia, rebeldes queriam ganhar tempo ao propor trégua; polícia mata duas pessoas de origem albanesa
Forças macedônias ignoram cessar-fogo
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
A polícia macedônia matou
duas pessoas de origem albanesa
na cidade de Tetovo, no noroeste
do país, e um policial ficou ferido
em um tiroteio, enquanto países
europeus alertavam a comunidade internacional quanto ao perigo
de uma nova guerra nos Bálcãs e
pediam ao governo macedônio
que fosse comedido em suas
ações contra a guerrilha.
Um porta-voz do governo macedônio anunciou na capital,
Skopje, que o Exército estava no
comando das operações, sugerindo que uma ofensiva contra os rebeldes já tivesse sido ordenada.
Forças de segurança macedônias atacaram com armamentos
pesados as montanhas próximas
a Tetovo, nas quais a guerrilha
tem suas bases, ignorando o cessar-fogo unilateral oferecido pelos rebeldes. Especulou-se em
Skopje que a iniciativa dos guerrilheiros visasse apenas a retardar a
ofensiva militar.
Redes de TV internacionais veicularam imagens da morte dos
dois macedônios de origem albanesa em Tetovo. Policiais pararam o carro em que eles circulavam e, ao perceberem que eles
possuíam algo parecido com um
explosivo, dispararam uma rajada de balas, matando-os. Os dois
podem transformar-se em mártires para a comunidade albanesa.
Bloqueios policiais ocorreram
em Tetovo depois do incidente.
Policiais com metralhadoras revistaram todos os veículos que
entraram ou saíram da cidade.
O vilarejo de Gracani, no noroeste de Skopje, foi conquistado
pelos guerrilheiros após violentos
conflitos que duraram até a madrugada de ontem, segundo moradores de cidades vizinhas.
A polícia bloqueou todas as vias
de acesso a Gracani depois que
um policial foi ferido. A guerrilha
informou que um de seus membros também fora ferido.
Ontem à noite, o vilarejo, que se
localiza perto da fronteira com a
Província sérvia de Kosovo, a apenas 15 km de Skopje, foi visto em
chamas. Contudo as forças de segurança macedônias impediram
o acesso de jornalistas à área.
União Européia
Uma delegação de ministros de
países-membros da União Européia (UE) chegou a Skopje no momento em que os bombardeios
voltaram a acontecer em Tetovo.
O barulho das explosões podia
ser ouvido do aeroporto da capital, a 45 km da zona de conflito,
mas, ainda assim, os representantes da UE disseram ter esperança
de que o ciclo de violência possa
ser interrompido.
"Creio que um cessar-fogo seja
sempre positivo. Ficamos contentes ontem (anteontem), quando
as pessoas que estão nas montanhas (de Tetovo) declararam um
cessar-fogo", disse Javier Solana,
chefe da diplomacia da UE.
A Organização para Segurança
e Cooperação na Europa (OSCE)
informou, em Viena, que estava
aumentando sua missão de observação na Macedônia para 16
membros. Até então, ela contava
com oito observadores.
A OSCE, que reúne 55 países,
condenou a violência dos "extremistas albaneses" e disse que a
resposta do governo macedônio
tinha sido apropriada.
O presidente macedônio, Boris
Trajkovski, que deve participar de
cúpula da UE hoje em Estocolmo,
anunciou que os principais partidos políticos do país tinham concordado com a "necessidade de
neutralizar a ameaça terrorista rapidamente".
A direção da aliança militar ocidental manteve a pressão sobre os
países que a compõem para que
mais soldados sejam enviados à
fronteira entre a Província sérvia
de Kosovo e a Macedônia.
Mark Laity, conselheiro do secretário-geral da Otan, George
Robertson, disse que a Kfor
-força internacional de manutenção da paz em Kosovo- estava reforçando suas posições na
fronteira para evitar que os rebeldes utilizem Kosovo como base
para atacar o território macedônio.
"O problema é que todas as nossas forças na fronteira estão sobrecarregadas. Precisamos de
mais soldados para apoiá-las nesse esforço", disse Laity.
Porém os EUA e o Reino Unido
opõem-se aos planos de enviar
mais soldados aos Bálcãs, principalmente se eles tiverem como
missão combater os guerrilheiros.
Um funcionário da Otan afirmou que a aliança havia permitido que o general Carlo Cabigiosu,
que comanda os soldados da
Kfor, autorizasse a entrada de forças sérvias em outras partes da zona de segurança existente entre
Kosovo e o restante da Sérvia.
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