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São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Ele resiste à divisão de poder exigida pelos EUA

Pressionado, Arafat acena com acordo para formação de gabinete

DA REDAÇÃO

O líder palestino Iasser Arafat e o premiê designado por ele para a Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, "reduziram as diferenças" sobre a formação de um gabinete, anunciou ontem à noite um alto dirigente palestino. A declaração, quando faltavam pouco mais de 24 horas para o fim do prazo para a aprovação do novo governo, foi feita em meio a pressões internacionais para que Arafat aceite dividir o poder com Abbas, mais conhecido como Abu Mazen.
Mazen havia dito antes que havia rompido as negociações com Arafat e que não discutiria mais o assunto. Uma fonte ligada a Mazen chegou a dizer que ele escreveu uma carta de renúncia, mas não a entregou para dar tempo a negociações de última hora.
A criação do cargo de primeiro-ministro faz parte de uma reforma na ANP exigida pelos EUA e por Israel como condição para a retomada das negociações de paz. Esses países acusam Arafat de apoiar o terrorismo e dizem que ele não é um interlocutor confiável para as negociações.
Segundo parlamentares palestinos e analistas, o impasse sobre o gabinete tem como origem a recusa de Arafat em dividir poder com Mazen, após exercer por décadas uma liderança não contestada. Um dos principais pontos de discórdia é a recusa de Arafat de ceder a Mazen o controle das forças de segurança palestinas.
O conselheiro de Arafat Nabil Abu Rudeina disse que, se Mazen não anunciasse em 24 horas um gabinete, Arafat nomearia outro premiê. Mas os EUA e a União Européia (UE) pressionam pela confirmação de Mazen, elogiado pelo seu perfil moderado.
"Há muitas razões para apoiar a idéia de que o premiê deve ser capaz de escolher seu gabinete", disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA Richard Boucher. "Você não terá uma liderança capaz de estabelecer as instituições de um Estado, ao menos que os líderes possam escolher os membros de seu gabinete", disse.
Os EUA dizem que a aprovação do gabinete palestino abriria caminho para a implementação de um plano de paz conhecido como "mapa do caminho", que prevê o estabelecimento de um Estado palestino pleno até 2005.
No domingo, Arafat gritou ao telefone e cortou a ligação com o enviado de paz da UE, Miguel Moratinos, que havia dito que o bloco não aceitaria outro premiê que não fosse Mazen. Moratinos voltou a telefonar anteontem.
O premiê britânico, Tony Blair, também telefonou a Arafat ontem para "trocar idéias sobre a formação do gabinete", segundo o governo britânico. Blair, um dos maiores incentivadores do "mapa do caminho" e da confirmação de Mazen como premiê, afirmara que o fim da guerra no Iraque abriria o caminho para a paz entre Israel e os palestinos.
"As pressões vêm de todos os lados", disse Abbas Zaki, membro do Comitê Central do Fatah, grupo político de Arafat.


Com agências internacionais


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