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ORIENTE MÉDIO
Ele resiste à divisão de poder exigida pelos EUA
Pressionado, Arafat acena com acordo para formação de gabinete
DA REDAÇÃO
O líder palestino Iasser Arafat e
o premiê designado por ele para a
Autoridade Nacional Palestina
(ANP), Mahmoud Abbas, "reduziram as diferenças" sobre a formação de um gabinete, anunciou ontem à noite um alto dirigente
palestino. A declaração, quando
faltavam pouco mais de 24 horas
para o fim do prazo para a aprovação do novo governo, foi feita
em meio a pressões internacionais para que Arafat aceite dividir
o poder com Abbas, mais conhecido como Abu Mazen.
Mazen havia dito antes que havia rompido as negociações com
Arafat e que não discutiria mais o
assunto. Uma fonte ligada a Mazen chegou a dizer que ele escreveu uma carta de renúncia, mas não a entregou para dar tempo a
negociações de última hora.
A criação do cargo de primeiro-ministro faz parte de uma reforma na ANP exigida pelos EUA e
por Israel como condição para a
retomada das negociações de paz.
Esses países acusam Arafat de
apoiar o terrorismo e dizem que
ele não é um interlocutor confiável para as negociações.
Segundo parlamentares palestinos e analistas, o impasse sobre o
gabinete tem como origem a recusa de Arafat em dividir poder
com Mazen, após exercer por décadas uma liderança não contestada. Um dos principais pontos de discórdia é a recusa de Arafat
de ceder a Mazen o controle das
forças de segurança palestinas.
O conselheiro de Arafat Nabil
Abu Rudeina disse que, se Mazen
não anunciasse em 24 horas um
gabinete, Arafat nomearia outro
premiê. Mas os EUA e a União
Européia (UE) pressionam pela
confirmação de Mazen, elogiado
pelo seu perfil moderado.
"Há muitas razões para apoiar a
idéia de que o premiê deve ser capaz de escolher seu gabinete", disse o porta-voz do Departamento
de Estado dos EUA Richard Boucher. "Você não terá uma liderança capaz de estabelecer as instituições de um Estado, ao menos que
os líderes possam escolher os
membros de seu gabinete", disse.
Os EUA dizem que a aprovação
do gabinete palestino abriria caminho para a implementação de
um plano de paz conhecido como
"mapa do caminho", que prevê o
estabelecimento de um Estado
palestino pleno até 2005.
No domingo, Arafat gritou ao
telefone e cortou a ligação com o
enviado de paz da UE, Miguel
Moratinos, que havia dito que o
bloco não aceitaria outro premiê
que não fosse Mazen. Moratinos
voltou a telefonar anteontem.
O premiê britânico, Tony Blair,
também telefonou a Arafat ontem
para "trocar idéias sobre a formação do gabinete", segundo o governo britânico. Blair, um dos
maiores incentivadores do "mapa
do caminho" e da confirmação de
Mazen como premiê, afirmara
que o fim da guerra no Iraque
abriria o caminho para a paz entre
Israel e os palestinos.
"As pressões vêm de todos os lados", disse Abbas Zaki, membro
do Comitê Central do Fatah, grupo político de Arafat.
Com agências internacionais
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