São Paulo, sexta-feira, 23 de abril de 2010

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Brasil tenta desbravar a fronteira comercial mais fechada do globo

Frigoríficas negociam venda de alimentos, e embaixador em Pyongyang quer incluir filmes brasileiros em festival

SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A PYONGYANG

O Brasil é o último dos Brics a cruzar a fronteira comercial mais fechada do mundo, a Coreia do Norte.
As vendas brasileiras para o país comunista cresceram 106% entre 2007 e 2008, o último ano com dados divulgados. Ínfimo na pauta nacional de US$ 152 bilhões de vendas para o exterior, o comércio bilateral alcançou US$ 381,1 milhões. O Brasil está em quarto lugar no ranking dos parceiros comerciais norte-coreanos, atrás de China, Rússia e Índia.
Executivos da JBS Friboi e da Brasil Foods, os dois maiores conglomerados de produção de alimentos frigoríficos brasileiros, irão a Pyongyang para fechar acordos comerciais.
A Coreia do Norte, nação comunista situada no leste da Ásia, é montanhosa, tem grande parte da sua área de 120 mil km2 não habitável e possui uma das terras mais pobres do planeta. Os agricultores não usam máquinas nem possuem produtos químicos para fertilizá-la. A produção é basicamente de arroz, soja e verduras, num país traumatizado pela escassez crônica de alimentos, que já matou 2 milhões de pessoas.
""Os empresários estão interessados em oferecer carnes, alimentos congelados e material de limpeza. Podem até se associar às empresas estatais", disse Arnaldo Carrilho, embaixador brasileiro no país.
No próximo mês, um grupo de funcionários da Embrapa fará a primeira missão oficial brasileira no país. "Vamos começar a promover o intercâmbio. Claro que não faremos acordos nucleares. Queremos promover a cooperação econômica entre os dois países."
Carrilho é o primeiro ocupante do posto. Sua entrada no país demorou mais de um mês no ano passado por causa dos testes nucleares conduzidos pelo país asiático em maio.
O embaixador brasileiro é cinéfilo e foi amigo dos cineastas Glauber Rocha e Pier Paolo Pasolini. Acha que o cinema pode ajudar o Brasil a ganhar espaço na Coreia do Norte. Tenta incluir dois filmes brasileiros (""Dois Filhos de Francisco" e ""O Ano em que Meus País Saíram de Férias") na próxima edição do Festival de Pyongyang, prevista para setembro.
O cinema é uma das paixões do ditador Kim Jong-il, que construiu um estúdio de cinema na capital e já deu cerca de ""600 instruções sobre como fazer filmes".


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