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Brasil tenta desbravar a fronteira comercial mais fechada do globo
Frigoríficas negociam venda de alimentos, e embaixador em Pyongyang quer incluir filmes brasileiros em festival
SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A PYONGYANG
O Brasil é o último dos Brics a
cruzar a fronteira comercial
mais fechada do mundo, a Coreia do Norte.
As vendas brasileiras para o
país comunista cresceram
106% entre 2007 e 2008, o último ano com dados divulgados.
Ínfimo na pauta nacional de
US$ 152 bilhões de vendas para
o exterior, o comércio bilateral
alcançou US$ 381,1 milhões. O
Brasil está em quarto lugar no
ranking dos parceiros comerciais norte-coreanos, atrás de
China, Rússia e Índia.
Executivos da JBS Friboi e da
Brasil Foods, os dois maiores
conglomerados de produção de
alimentos frigoríficos brasileiros, irão a Pyongyang para fechar acordos comerciais.
A Coreia do Norte, nação comunista situada no leste da
Ásia, é montanhosa, tem grande parte da sua área de 120 mil
km2 não habitável e possui uma
das terras mais pobres do planeta. Os agricultores não usam
máquinas nem possuem produtos químicos para fertilizá-la. A produção é basicamente
de arroz, soja e verduras, num
país traumatizado pela escassez crônica de alimentos, que já
matou 2 milhões de pessoas.
""Os empresários estão interessados em oferecer carnes,
alimentos congelados e material de limpeza. Podem até se
associar às empresas estatais",
disse Arnaldo Carrilho, embaixador brasileiro no país.
No próximo mês, um grupo
de funcionários da Embrapa
fará a primeira missão oficial
brasileira no país. "Vamos começar a promover o intercâmbio. Claro que não faremos
acordos nucleares. Queremos
promover a cooperação econômica entre os dois países."
Carrilho é o primeiro ocupante do posto. Sua entrada no
país demorou mais de um mês
no ano passado por causa dos
testes nucleares conduzidos
pelo país asiático em maio.
O embaixador brasileiro é cinéfilo e foi amigo dos cineastas
Glauber Rocha e Pier Paolo Pasolini. Acha que o cinema pode
ajudar o Brasil a ganhar espaço
na Coreia do Norte. Tenta incluir dois filmes brasileiros
(""Dois Filhos de Francisco" e
""O Ano em que Meus País Saíram de Férias") na próxima
edição do Festival de Pyongyang, prevista para setembro.
O cinema é uma das paixões
do ditador Kim Jong-il, que
construiu um estúdio de cinema na capital e já deu cerca de
""600 instruções sobre como fazer filmes".
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