São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 2000


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DEMOCRACIA EM CRISE
Aliado de ex-general poderá concorrer em eleição de 13 de agosto; candidato será escolhido dia 5
Grupo de Oviedo quer a Vice-Presidência

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O grupo do ex-general Lino César Oviedo, acusado de tramar a tentativa de golpe da última semana, terá candidato próprio na eleição para a Vice-Presidência do Paraguai, que acontece no próximo dia 13 de agosto. A informação é do advogado do ex-militar, Carlos Galeano Perrone, que ontem falou com a Agência Folha.
O candidato será definido em uma reunião que se realizará em em Buenos Aires, provavelmente no próximo dia 5. Três nomes são mais cotados. Perrone não quis revelar dois deles, porque estão no Paraguai e, segundo ele, correriam riscos. O outro é ele próprio. "Vamos decidir em consenso o nome mais adequado", disse.
Perrone, 40, foi presidente da juventude do Partido Colorado quando tinha 30 anos e, antes disso, aos 27, chegou a ser deputado. Hoje, vive em Montevidéu.
Segundo ele, ao contrário do que dizem as informações oficiais, o filho de Oviedo, Ariel Oviedo, 22, não foi preso, tendo se refugiado na Argentina, onde já estava sua mãe. Outro que se refugiou no país vizinho, segundo Perrone, é o secretário do ex-general, Erminio Chena.
Oviedo, condenado à prisão por liderar a tentativa de golpe militar em 1996, exilou-se na Argentina em abril do ano passado, após o assassinato do vice-presidente Luis María Argaña e a renúncia do presidente Raúl Cubas Grau.
Ele deixou a Argentina em dezembro. Desde então, tem dado entrevistas dizendo estar em território paraguaio.
O advogado afirmou que o filho ou a mulher de Oviedo poderiam ser candidatos, mas ele "é muito jovem" e ela tem nacionalidade argentina.

Candidato oficial
A eleição direta para vice-presidente será decisiva para a política paraguaia. O candidato oficial é Félix Argaña, filho do vice-presidente assassinado Luis María Argaña. Por enquanto, seu único oponente é Julio César Franco, do Partido Liberal.
Argaña é tido como favorito e seria a alternativa do partido colorado para devolver "legitimidade eleitoral" ao presidente, já que o atual, Luis González Macchi, era presidente do Congresso quando Argaña foi morto e o ex-presidente Raúl Cubas Grau, exilado no Brasil.
"Nosso objetivo é e sempre foi o de mudar o Paraguai pela via institucional. Não temos interesse em golpes, como querem mostrar", afirmou Perrone.
"As prisões que têm ocorrido estão confirmando para nós que o que houve foi, mesmo, um autogolpe. O governo fez uma encenação para conseguir se livrar dos adversários, isso está ficando claro. Além do filho de Oviedo e do seu secretário, outras pessoas ligadas ao nosso grupo (a União Nacional de Colorados Éticos) deixarão o Paraguai", declarou Perrone.
"Esse estado de exceção está servindo para isso mesmo, é uma alternativa autoritária (decretado na madrugada em que ocorreu o golpe e confirmado horas depois pelo Congresso)", disse.
A possibilidade de que possa ter ocorrido um "autogolpe", tramado pelo próprio governo do Paraguai, tem sido cogitada discretamente por muitos paraguaios.


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