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DEMOCRACIA EM CRISE
Aliado de ex-general poderá concorrer em eleição de 13 de agosto; candidato será escolhido dia 5
Grupo de Oviedo quer a Vice-Presidência
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O grupo do ex-general Lino César Oviedo, acusado de tramar a
tentativa de golpe da última semana, terá candidato próprio na
eleição para a Vice-Presidência do
Paraguai, que acontece no próximo dia 13 de agosto. A informação é do advogado do ex-militar,
Carlos Galeano Perrone, que ontem falou com a Agência Folha.
O candidato será definido em
uma reunião que se realizará em
em Buenos Aires, provavelmente
no próximo dia 5. Três nomes são
mais cotados. Perrone não quis
revelar dois deles, porque estão
no Paraguai e, segundo ele, correriam riscos. O outro é ele próprio.
"Vamos decidir em consenso o
nome mais adequado", disse.
Perrone, 40, foi presidente da
juventude do Partido Colorado
quando tinha 30 anos e, antes disso, aos 27, chegou a ser deputado.
Hoje, vive em Montevidéu.
Segundo ele, ao contrário do
que dizem as informações oficiais, o filho de Oviedo, Ariel
Oviedo, 22, não foi preso, tendo se
refugiado na Argentina, onde já
estava sua mãe. Outro que se refugiou no país vizinho, segundo
Perrone, é o secretário do ex-general, Erminio Chena.
Oviedo, condenado à prisão por
liderar a tentativa de golpe militar
em 1996, exilou-se na Argentina
em abril do ano passado, após o
assassinato do vice-presidente
Luis María Argaña e a renúncia
do presidente Raúl Cubas Grau.
Ele deixou a Argentina em dezembro. Desde então, tem dado
entrevistas dizendo estar em território paraguaio.
O advogado afirmou que o filho
ou a mulher de Oviedo poderiam
ser candidatos, mas ele "é muito
jovem" e ela tem nacionalidade
argentina.
Candidato oficial
A eleição direta para vice-presidente será decisiva para a política
paraguaia. O candidato oficial é
Félix Argaña, filho do vice-presidente assassinado Luis María Argaña. Por enquanto, seu único
oponente é Julio César Franco, do
Partido Liberal.
Argaña é tido como favorito e
seria a alternativa do partido colorado para devolver "legitimidade
eleitoral" ao presidente, já que o
atual, Luis González Macchi, era
presidente do Congresso quando
Argaña foi morto e o ex-presidente Raúl Cubas Grau, exilado no
Brasil.
"Nosso objetivo é e sempre foi o
de mudar o Paraguai pela via institucional. Não temos interesse
em golpes, como querem mostrar", afirmou Perrone.
"As prisões que têm ocorrido
estão confirmando para nós que o
que houve foi, mesmo, um autogolpe. O governo fez uma encenação para conseguir se livrar dos
adversários, isso está ficando claro. Além do filho de Oviedo e do
seu secretário, outras pessoas ligadas ao nosso grupo (a União
Nacional de Colorados Éticos)
deixarão o Paraguai", declarou
Perrone.
"Esse estado de exceção está
servindo para isso mesmo, é uma
alternativa autoritária (decretado
na madrugada em que ocorreu o
golpe e confirmado horas depois
pelo Congresso)", disse.
A possibilidade de que possa ter
ocorrido um "autogolpe", tramado pelo próprio governo do Paraguai, tem sido cogitada discretamente por muitos paraguaios.
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