São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 2000


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Argentina critica ordem de prisão contra jornalista

GUSTAVO CHACRA
de Buenos Aires

O governo argentino se manifestou ontem publicamente contrário à detenção do jornalista Hugo Ruiz Olazar, do jornal paraguaio "ABC Color", que teve sua prisão ordenada pelas autoridades paraguaias, que o acusam de ser "porta-voz do ex-general Lino Oviedo".
O militar paraguaio é tido pelo governo do país como o principal responsável pela tentativa frustrada de golpe na madrugada da última sexta-feira.
Essa foi a primeira atitude contrária ao presidente Luiz González Macchi tomada pelo governo de Fernando de La Rúa, principal aliado de Assunção no Mercosul.
O Ministério das Relações Exteriores da Argentina também convocou a embaixadora paraguaia em Buenos Aires para prestar esclarecimentos.
Apesar de paraguaio, Olazar também é correspondente do jornal argentino "Clarín" e da agência de notícias "France Presse".
O jornalista completou ontem 48 horas sem sair da redação do "ABC Color", em Assunção,
O jornalista Hugo Ruiz Olazar completou ontem 48 horas sem sair da redação do diário "ABC Color", em Assunção (Paraguai), onde trabalha, para não ser preso pelas autoridades paraguaias, que o acusam de ser porta-voz do general Lino Oviedo.
Além do jornalista, que também é correspondente do jornal argentino "Clarín" e da agência de notícias "France Presse", outras 80 pessoas, entre civis e militares, tiveram prisão decretada pelo presidente paraguaio, Luiz González Machi. O decreto faz parte do estado de sítio de 30 dias vigente desde a última sexta-feira.
Olazar, assim como a maior parte das pessoas com prisão decretada, nega qualquer envolvimento com Oviedo.
"Ninguém pode provar qualquer aliança minha com o general. Não fiz absolutamente nada", afirmou o jornalista do "ABC Color", que entrou ontem com pedido de habeas corpus. Além dele, outras 12 pessoas com prisão decretada tomaram essa iniciativa.
O ministro do Interior do Paraguai, Walter Bower, afirmou, por sua vez, que Olazar "desrespeitou artigos constitucionais e normas de convivência social".
O que o jornalista estaria querendo, diz o ministro, é que, ao se entrincheirar no "ABC Color" (oposicionista), o governo feche o jornal. "Mas nós não vamos cair nessa cilada", afirmou Bower em entrevista coletiva ontem à tarde.

Críticas
A Igreja Católica paraguaia, por sua vez, pediu que governo do Paraguai seja prudente neste momento. O presidente do Congresso, Juan Carlos Galaverna, acrescentou que não tolerará abusos.
A União Européia, em comunicado divulgado em Bruxelas, afirmou que tem seguido com apreensão os eventos que estão ocorrendo no Paraguai.
Lino Oviedo, por sua vez, continua negando participação no golpe. O general está desaparecido desde dezembro, quando deixou a Argentina, onde estava sob asilo político desde abril do ano passado. Ele é acusado de estar envolvido no assassinato do vice-presidente paraguaio Luís María Argaña, em fevereiro do ano passado.


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