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Argentina critica ordem de prisão contra jornalista
GUSTAVO CHACRA
de Buenos Aires
O governo argentino se manifestou ontem publicamente contrário à detenção do jornalista Hugo Ruiz Olazar, do jornal paraguaio "ABC Color", que teve sua prisão ordenada pelas autoridades paraguaias, que o acusam de ser "porta-voz do ex-general Lino Oviedo".
O militar paraguaio é tido pelo
governo do país como o principal
responsável pela tentativa frustrada de golpe na madrugada da última sexta-feira.
Essa foi a primeira atitude contrária ao presidente Luiz González Macchi tomada pelo governo de Fernando de La Rúa, principal aliado de Assunção no Mercosul.
O Ministério das Relações Exteriores da Argentina também convocou a embaixadora paraguaia em Buenos Aires para prestar esclarecimentos.
Apesar de paraguaio, Olazar também é correspondente do jornal argentino "Clarín" e da agência de notícias "France Presse".
O jornalista completou ontem 48 horas sem sair da redação do "ABC Color", em Assunção,
O jornalista Hugo Ruiz Olazar
completou ontem 48 horas sem
sair da redação do diário "ABC
Color", em Assunção (Paraguai),
onde trabalha, para não ser preso
pelas autoridades paraguaias, que
o acusam de ser porta-voz do general Lino Oviedo.
Além do jornalista, que também
é correspondente do jornal argentino "Clarín" e da agência de notícias "France Presse", outras 80
pessoas, entre civis e militares, tiveram prisão decretada pelo presidente paraguaio, Luiz González
Machi. O decreto faz parte do estado de sítio de 30 dias vigente
desde a última sexta-feira.
Olazar, assim como a maior
parte das pessoas com prisão decretada, nega qualquer envolvimento com Oviedo.
"Ninguém pode provar qualquer aliança minha com o general. Não fiz absolutamente nada",
afirmou o jornalista do "ABC Color", que entrou ontem com pedido de habeas corpus. Além dele,
outras 12 pessoas com prisão decretada tomaram essa iniciativa.
O ministro do Interior do Paraguai, Walter Bower, afirmou, por
sua vez, que Olazar "desrespeitou
artigos constitucionais e normas
de convivência social".
O que o jornalista estaria querendo, diz o ministro, é que, ao se
entrincheirar no "ABC Color"
(oposicionista), o governo feche o
jornal. "Mas nós não vamos cair
nessa cilada", afirmou Bower em
entrevista coletiva ontem à tarde.
Críticas
A Igreja Católica paraguaia, por
sua vez, pediu que governo do Paraguai seja prudente neste momento. O presidente do Congresso, Juan Carlos Galaverna, acrescentou que não tolerará abusos.
A União Européia, em comunicado divulgado em Bruxelas, afirmou que tem seguido com
apreensão os eventos que estão
ocorrendo no Paraguai.
Lino Oviedo, por sua vez, continua negando participação no golpe. O general está desaparecido
desde dezembro, quando deixou
a Argentina, onde estava sob asilo
político desde abril do ano passado. Ele é acusado de estar envolvido no assassinato do vice-presidente paraguaio Luís María Argaña, em fevereiro do ano passado.
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