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Impacto de mais de 12 anos de sanções foi devastador
DAVID USBORNE
DO "INDEPENDENT", EM NOVA YORK
Quando a ONU (Organização
das Nações Unidas) impôs sanções econômicas ao Iraque, após a
invasão iraquiana do Kuait, em
1990, o objetivo era claro: criar a
pressão suficiente para obrigar o
ditador Saddam Hussein a se desarmar. A política fracassou e
provocou um efeito colateral mais
comumente associado às guerras:
graves "danos colaterais" para a
população civil.
Com a votação de ontem em
Nova York, as sanções serão finalmente levantadas no Iraque, após
mais de 12 anos. Os defensores
delas afirmam que o principal responsável pela derrocada econômica do Iraque é o próprio Saddam Hussein. Seja como for, o
impacto das sanções foi devastador.
A crítica mais frequentemente
feita ao embargo diz respeito à devastação do sistema de saúde do
Iraque e ao aumento do índice de
mortalidade infantil.
De acordo com a ONU e outras
fontes, entre 500 mil e 1 milhão de
crianças iraquianas morreram
desde 1991. O índice de mortalidade de crianças de até 5 anos de
idade estaria hoje 2,5 vezes mais
alto do que era em 1990.
Esta semana a OMS (Organização Mundial da Saúde) anunciou
que a reconstrução do sistema de
saúde do Iraque custará até US$
180 milhões e observou que apenas 20% do sistema médico do
país ainda está operante.
Além da saúde, a população iraquiana viveu privada de todas
menos as necessidades mais básicas de subsistência durante todo o
período em que as sanções estiveram em vigor.
Num estudo recente, o economista da Universidade Yale William Nordhaus escreveu que o
Iraque, sob o governo de Saddam,
"viveu uma das decadências econômicas mais catastróficas da história moderna", tendo o padrão
médio de vida caído 90% em 23
anos.
No entanto, os alvos das sanções -Saddam Hussein e seus seguidores mais próximos- não
sofreram qualquer tipo de privação, na medida em que exploraram o contrabando e os vazamentos que o sistema apresentava por
todos os lados.
Em resposta a um coro crescente de críticas, os EUA concordaram, no início de 1997, em criar o
programa de petróleo em troca de
alimentos, que permitiu ao Iraque
retomar algumas exportações de
petróleo. A receita petrolífera,
controlada pela ONU, era usada
para adquirir produtos de necessidade humanitária básica.
Um ano atrás, foi feita uma tentativa de impor "sanções inteligentes", quando a ONU redigiu
uma lista de bens que o Iraque,
teoricamente, era livre para importar. Mas a burocracia atrapalhava o acordo, e em várias instâncias os EUA bloquearam o fechamento de contratos que consideravam inapropriados.
"Ao longo dos últimos dez anos,
os EUA deram mostras de um
descaso assustador com relação à
situação humanitária do Iraque,
conforme pudemos ver quando
vetaram a venda de produtos essenciais, desde vacinas infantis até
equipamentos para a purificação
de água", disse ontem a professora Joy Gordon, da Universidade
Fairfield. Gordon é a autora de
"Cool War: Economic Sanctions
as Weapons of Mass Destruction"
(o título pode ser traduzido como
"Guerra Ligeiramente Fria -As
Sanções Econômicas como Armas de Destruição em Massa"),
publicado recentemente na revista "Harper's".
Tradução de Clara Allain
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