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São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Oleoduto explode pouco antes do reinício das exportações; renda será revertida aos iraquianos, afirma Bremer

EUA retomam venda de petróleo do Iraque

Ali Haider/ Associated Press
Oleoduto em chamas no nordeste do Iraque, após explosão atribuida a ato de sabotagem, pouco antes do reinicio das exportações


DA REDAÇÃO

O Iraque voltou ontem ao mercado mundial de petróleo, quando 1 milhão de barris de óleo cru foi carregado num petroleiro ancorado no porto turco de Ceyhan.
As exportações foram retardadas por supostas sabotagens de prováveis partidários do ex-ditador Saddam Hussein. Ainda às 23h de sábado um oleoduto explodiu nas imediações de Hit, a noroeste de Bagdá. Um porta-voz do Ministério do Petróleo disse se tratar claramente de sabotagem.
As instalações petrolíferas demoraram para ser reativadas em razão dos saques ocorridos após a ocupação do país pelas forças anglo-americanas.
Paul Bremer, administrador civil do Iraque, prevê que até o final do ano o país obtenha entre US$ 3,3 bilhões e US$ 3,5 bilhões com o petróleo exportado.
Bremer, que estava ontem na Jordânia, participando de um encontro do Fórum Econômico Mundial, disse que parte dos recursos arrecadados com a exportação de óleo cru poderá ser distribuída diretamente à população, segundo o sistema de dividendos que, nos Estados Unidos, beneficia a população do Alasca.
Outra alternativa estaria em depositar o dinheiro do petróleo em fundos que pagariam os salários do funcionalismo e financiariam uma rede de proteção social para os iraquianos de baixa renda.
O óleo carregado ontem em petroleiro de bandeira turca teve como origem as jazidas de Kirkuk e estava armazenado junto ao terminal desde antes da guerra.
As exportações iraquianas de petróleo foram drasticamente reduzidas em 1990, com o embargo comercial decretado após a invasão do Kuait por tropas de Saddam. As exportações passaram a ser supervisionadas pela ONU.
"A renda dessas exportações será utilizada em benefício do povo iraquiano", disse Phillip Carroll, conselheiro norte-americano para questões energéticas no país ocupado. Ele participou da breve cerimônia na Turquia que marcou a retomada das exportações.
O combustível exportado percorreu 1.100 quilômetros num oleoduto recentemente danificado por explosões de origem criminosa. O oleoduto será plenamente reativado apenas em meados de julho, segundo a estatal iraquiana do setor.
O petroleiro Dignidade Otomana zarpou com destino a um outro porto da Turquia, localizado nas proximidades da refinaria de Tupras, segundo a agência Anatolian. Outros 7 milhões de barris deverão ser em breve exportados a partir daquele terminal da Turquia. O próximo petroleiro a ser carregado é o Sandra Tapias, de bandeira espanhola.
O ministro iraquiano do petróleo nomeado pelos norte-americanos, Thamir Ghadhban, disse sábado que seu país hoje produz 800 mil barris diários no norte e 300 mil no sul. Deverá atingir em julho um total 1,2 milhão de barris diários, 300 mil a menos que o inicialmente previsto.

Aeroporto
Outro norte-americano que participa da reconstrução do Iraque, Tom Elkins, anunciou ontem que o aeroporto internacional de Bagdá será reaberto em 15 de julho. Nenhum vôo comercial operou naquelas instalações durante os quase 13 anos de embargo.
Elkins é o representante da Bechtel, empreiteira escolhida pelo Pentágono para liderar o processo de reconstrução em obras não ligadas ao petróleo.
Ele disse que o aeroporto, antes denominado Saddam Hussein, já está negociando a locação de infra-estrutura para empresas comerciais. Mas não soube informar se a aviação civil norte-americana terá alguma forma de vantagem ou prioridade.

Rússia
Em Moscou, o presidente russo Vladimir Putin disse em entrevista à rede BBC que as empresas russas deveriam disputar em condições leais de concorrência a possibilidade de participar da exploração petrolífera no Iraque.
Putin quer que sejam respeitados os contratos anteriores à guerra, à qual seu país se opôs. Uma das principais empresas de petróleo russas, a Lukoil, havia assinado contrato de US$ 3,7 bilhões para a exploração de jazidas em Qurna. Prevalece em Moscou o temor de que americanos e britânicos monopolizem agora esses contratos.
Com agências internacionais

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