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São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 2003

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PAZ SOB ATAQUE

Powell lamenta ataque a dirigente do Hamas; Sharon pede medidas palestinas antes de suspender ações

Ação de Israel é nova ameaça a negociações

DA REDAÇÃO

A morte de um dirigente regional do grupo terrorista palestino Hamas pelas forças israelenses, anteontem, pode atravancar o processo de paz. A advertência partiu do secretário de Estado americano, Colin Powell, que lamentou a posição israelense.
"Eu lamento que continuemos a nos deixar enredar por esses ataques e contra-ataques, que podem se tornar um obstáculo", disse o secretário americano a jornalistas na Jordânia. "Lamento termos um incidente que pode impedir o progresso", disse.
Powell foi à Jordânia para participar do Fórum Econômico Mundial, e lá se reuniu com representantes da Rússia, ONU e União Européia -que, com os EUA, formam o Quarteto- para debater o plano de paz israelo-palestino, patrocinado por eles.
Mas o encontro foi ofuscado pela morte de Abdullah Kawasme em Hebron (Cisjordânia), que os palestinos disseram ser uma "sabotagem" de Israel ao processo de paz. Segundo as forças israelenses, Kawasme, acusado de planejar uma série de atentados, estaria armado e teria resistido à prisão.
O Hamas prometeu uma "retaliação estrondosa" e disse ser impossível atender aos pedidos de trégua do premiê palestino, Abu Mazen, enquanto seus militantes forem mortos. Ainda assim, o porta-voz do grupo, Ismail Abu Shanab, afirmou à rede de TV americana ABC que um acordo de paz entre israelenses e palestinos seria possível.

Ciclo de mortes
"Temos que achar um meio de quebrar esse ciclo contraproducente de violência", afirmou o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que também participou do encontro na Jordânia.
Entre os temas debatidos, além do plano que inclui a criação de um Estado palestino em 2005, esteve a possibilidade de Israel entregar aos palestinos o controle da segurança na faixa de Gaza e em Belém, disse Powell, "em um futuro não muito distante".
Segundo o chanceler israelense, Silvan Shalom, "Israel deseja deixar a faixa de Gaza e Belém, mas isso dependerá dos palestinos".
Em comunicado, o Quarteto afirmou "condenar os brutais ataques terroristas" de grupos palestinos contra Israel e expressou "profunda preocupação" com as ações militares israelenses que têm resultado na morte de civis.
Ontem, mais quatro militantes palestinos foram mortos em ataque de um tanque israelense na faixa de Gaza. Segundo testemunhas, os três pertenceriam às Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, grupo terrorista ligado ao Fatah, movimento político ao qual pertencem o premiê Abu Mazen e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat.
O governo de Israel, no entanto, declarou que continuará a atacar militantes palestinos que acredite ameaçar sua segurança, aos quais chama de "bombas-relógios".
O premiê Ariel Sharon disse em uma reunião com seu gabinete que exigiu do governo palestino "uma ação séria contra as organizações terroristas". Se essa ação não for tomada, afirmou ele, Israel "continuará com as atividades para manter sua segurança".

Envenenamento
O jornal "Haaretz" informou ontem que uma militar do Exército israelense foi indiciada sob acusação de forçar uma palestina a beber líquido tóxico.
O incidente ocorreu em fevereiro, em Tufah, na fronteira da faixa de Gaza. Segundo promotores militares, ela teria apontado um fuzil para a palestina e forçado-a a beber de uma garrafa que continha um líquido usado para secar fibra de vidro. A palestina -levada para um hospital- teve convulsões, náuseas, crises de vômito e febre, além de queimaduras graves na boca e no esôfago.


Com agências internacionais

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