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RELIGIÃO
Jeffrey John foi indicado para a diocese de Reading, mas enfrenta resistência dos conservadores na igreja oficial
Nomeação de bispo gay divide anglicanos
JO DILLON
DO "THE INDEPENDENT"
A ameaça de um cisma na Igreja
Anglicana cresceu no último sábado, quando o arcebispo das Índias Ocidentais (Caribe) advertiu
para o fato de a crise ser inevitável
caso se confirme a nomeação de
um reverendo homossexual como bispo de Reading, cidade localizada nas proximidades de
Londres.
O arcebispo Drexel Gomes disse
ter objeções morais ao fato de Jeffrey John, o reverendo em questão, lecionar sobre temas ligados à
homossexualidade. Em decorrência, disse, é possível que a igreja
sofra uma divisão aguda
A declaração de um clérigo estrangeiro aumentou a tensão entre a ala liberal da Igreja Anglicana, que apóia a nomeação de Jeffrey John, e seus oponentes conservadores, que se opõem à indicação.
Os comentários na mídia em
torno do novo bispo se intensificaram na sexta-feira, depois da
revelação de que John e seu parceiro, também reverendo anglicano, haviam comprado em conjunto um apartamento. A versão
oficial era de que eles não viviam
sob o mesmo teto. Mas, segundo
o "Sunday Telegraph", o apartamento custou 235 mil libras esterlinas e está localizado em Roehampton, a oeste de Londres.
A atual crise começou quando
um grupo de bispos anglicanos
-das dioceses de Hereford, Leicester, Newcastle, Ripon e Leeds,
St. Edindsbury e Ipswich, Salisbury, Truro e Worcester- escreveu uma carta para a cúpula da
Igreja Anglicana em apoio à nomeação de Jeffrey John, que fora
anteriormente apoiado pelo bispo
de Oxford, Richard Harries.
Em reação ao apoio surgiu um
documento dentro da própria
diocese na qual John exerceria o
episcopado. Um outro clérigo,
Philip Giddings, disse que os anglicanos se dividiriam e a hierarquia da igreja perderia, na diocese, apoio e recursos materiais. Era
preciso, segundo ele, que o plano
de nomeação fosse abandonado.
O arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, permaneceu em silêncio. Um porta-voz seu indicou
que ele estava recebendo uma
quantidade impressionante de
cartas favoráveis à nomeação de
John, embora em meio à correspondência também existissem
manifestações muito inequívocas
de ódio e homofobia.
Acredita-se que Williams defenda uma mudança da posição
da Igreja Anglicana com relação
ao homossexualismo.
Um dos oito bispos que escreveram a Williams, Timothy Stevens,
de Leicester, disse sábado que era
chegado o momento de discutir
extensivamente o assunto, mas
dentro dos canais hierárquicos.
"Precisamos voltar a uma discussão séria para identificarmos a
vontade de Deus", afirmou. "Isso
só será possível se nos afastarmos
dos critérios da mídia."
Mas é também verdade que os
fiéis, neste domingo, ao procurarem suas respectivas igrejas, raramente ouviram sermões de pastores nos quais estes defenderam a
tese de que era preciso tratar o homossexualismo de forma aberta.
O Movimento Cristão de Gays e
Lésbicas disse que o clero "não é
formado por pessoas corajosas".
O secretário da entidade, Richard
Kirker, disse que "há muitos outros reverendos que não deram
declarações públicas e que estão
insatisfeitos com a atual onda de
reações conservadoras".
Em Downing Street, o porta-voz
do primeiro-ministro Tony Blair
disse que o problema era interno
à igreja. Mas o Movimento Socialista Cristão, do qual Blair e outros
membros do governo e da bancada trabalhista são membros,
apóia a nomeação de Jeffrey John.
Um porta-voz do grupo disse
que as resistências à nomeação do
novo bispo estavam fazendo com
que a hierarquia anglicana parecesse ridícula.
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