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RÚSSIA
Oposição acusa presidente de punir mídia independente
Putin fecha TV privada e reacende debate sobre liberdade de imprensa
DA REDAÇÃO
O governo russo fechou ontem
uma das duas principais emissoras privadas de TV do país, reacendendo o debate sobre as
ameaças do presidente Vladimir
Putin à liberdade de imprensa.
Putin tenta se reeleger à Presidência no ano que vem.
O Ministério da Imprensa disse
que o fechamento da TVS foi decorrente de problemas financeiros e de administração. A TVS havia surgido após o fechamento de
duas outras emissoras que entraram em conflito com empresas
estatais. Jornalistas e oposicionistas admitem que a estação passada por dificuldades, mas disseram
que a ação do governo ameaça a
difusão objetiva de notícias.
As transmissões foram interrompidas abruptamente à meia-noite durante uma propaganda. A
imagem foi trocada inicialmente
por uma tela com barras coloridas e, depois, por um aviso que
dizia: "Adeus. Nós fomos tirados
do ar". Poucos minutos depois,
um canal de esportes começou
suas transmissões no lugar.
Segundo o governo, a TVS não
cumpriu as demandas por transmissões de qualidade e "afundou
em uma crise financeira, de pessoal e de administração".
Os jornalistas da TVS, alguns
deles sem receber salários há três
meses, consideraram o fechamento uma combinação de desastre financeiro com intrigas políticas. "Nossos concorrentes não
tiveram o bom senso de esperar
nossa morte natural", disse o humorista Viktor Shenderovich. "O
canal encerraria suas transmissões de qualquer maneira em dois
ou três dias por falta de dinheiro."
Alexei Veneditkov, editor-chefe
da rádio Ekho Moskvy, uma das
principais do país, disse que o fechamento da TVS visa uma "nacionalização da mídia". "O que temos agora é um completo monopólio do Estado nas emissoras nacionais", disse.
A oposição ao governo acusa
Putin de restringir a liberdade de
imprensa no país desde que assumiu o governo, em 2001. Para Boris Nadezhdin, do Partido da
União das Forças de Direita, o fechamento da TVS foi "uma conclusão lógica da política do Kremlin em relação à mídia independente". "A TVS era o único canal
com condições de criticar de maneira mais dura as autoridades."
Muitos dos jornalistas da TVS
haviam trabalhado anteriormente na NTV, que passou em 2001
para o controle da companhia estatal de gás, Gazprom, após ter
adotado uma cobertura crítica da
guerra na Tchetchênia. A equipe
de jornalismo da NTV se reagrupou então em outro canal, TV6,
cuja licença foi cassada em 2002.
Com a preparação para as eleições parlamentares de dezembro
e com Putin liderando as pesquisas para a eleição presidencial do
ano que vem, a atenção sobre a
cobertura política na mídia local
vem aumentando. Putin diz que
os direitos democráticos devem
incluir liberdade de imprensa,
mas também avisou às emissoras
para terem cuidado de "não defender interesses corporativos".
Com agências internacionais
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