DA REDAÇÃO

O papa João Paulo 2º pediu ontem desculpas pelas mortes causadas por católicos nos Bálcãs ao longo do século 20 durante a sua primeira visita à parte sérvia da Bósnia, área majoritariamente cristã-ortodoxa. Anteriormente, ele esteve em Sarajevo, em 1997, cidade de maioria islâmica.
A viagem à Bósnia é a 101ª do papa, 83, em seu pontificado.
Em missa para cerca de 50 mil pessoas em Banja Luka, João Paulo 2º se desculpou especialmente pelo massacre de cerca de 2.300 sérvios, incluindo mulheres e crianças, em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial.
Para fazer o pedido, o papa escolheu justamente o mosteiro de Petricevac. Foi desse local que um bispo católico partiu, liderando fascistas croatas também católicos, em direção a uma vila sérvia nas proximidades, onde cometeram o massacre.
O episódio marcou profundamente a história dos sérvios. Nos anos 90, durante a guerra da Bósnia, milicianos sérvios implodiram o mosteiro, como resposta ao massacre de 50 anos antes.
"Dessa cidade, marcada ao longo da história por muito sofrimento e sangue, eu peço a Deus que tenha piedade dos crimes cometidos por filhos da Igreja Católica contra a humanidade, contra a dignidade humana e contra a liberdade", disse o papa.
Essa foi a segunda viagem de João Paulo 2º aos Bálcãs em duas semanas. Ele esteve antes na Croácia. Apesar de sofrer de mal de Parkinson e da temperatura de 30ºC, o papa não apresentou problemas de saúde.