São Paulo, quarta-feira, 23 de junho de 2004

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Erro dos EUA omitiu 318 mortos pelo terror

BARRY SCHWEID
DA ASSOCIATED PRESS, EM WASHINGTON

Corrigindo um relatório anterior inexato, o Departamento de Estado americano anunciou ontem que os atos de terrorismo no mundo aumentaram em 2003 e que o total de feridos nesses incidentes subiu dramaticamente.
O departamento também reportou uma queda no número de mortos -de 725 em 2002 para 625 no ano passado. Mas o relatório incorreto, divulgado em abril, havia registrado menos da metade disso (307 mortos), informação que foi usada pelo governo americano como "prova" do sucesso da guerra ao terror.
"Os números estavam errados", disse o secretário de Estado, Colin Powell, "e já identificamos como devemos fazer esse trabalho no futuro." Powell afirmou que o relatório inicial não visava "apresentar nossos esforços sob ótica melhor ou pior".
Ontem, Phil Singer, porta-voz da campanha presidencial do senador democrata John Kerry, disse que se trata "do exemplo mais recente de um governo que brinca com a verdade quando o assunto é a guerra contra o terror". Para ele, a administração "foi flagrada tentando inflar o sucesso de seu combate ao terrorismo". Powell negou a manipulação.
No relatório inicial haviam sido reportados 190 atentados em 2003, contra 198 em 2002. O número de 2003, se fosse confirmado, teria sido o mais baixo em 34 anos e representaria uma queda de 45% desde 2001, o primeiro ano de George W. Bush na Presidência. Ontem, o Departamento de Estado disse que, na verdade, houve 208 atentados em 2003.
O relatório não incluiu os militares americanos mortos ou feridos no Iraque, "porque esses ataques foram lançados contra combatentes". Foram incluídos os ataques contra civis e militares desarmados.
Segundo o relatório, 3.646 pessoas foram feridas em atentados em 2003, contra 2.013 em 2002. Em abril, o Departamento de Estado havia dito que os feridos de 2003 tinham sido 1.593, uma queda acentuada em relação ao ano anterior.
O deputado democrata Henry Waxman tinha contestado os números iniciais e agora disse estar satisfeito porque as autoridades "reconheceram que tinham um relatório incorreto e que, baseados na informação incorreta, tinham tentado assumir o crédito por resultados [da guerra ao terror] que estavam errados".
Mas o deputado Rahm Emanuel, também democrata, foi mais crítico. "Coisas estranhas aconteceram [com o relatório] a caminho da impressora."


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