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RÚSSIA
Ação na Inguchétia deixa 57 mortos; Putin promete destruir "terroristas"
Ataque tchetcheno mata dezenas
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
O presidente russo, Vladimir
Putin, afirmou que os ataques supostamente realizados por rebeldes tchetchenos na Inguchétia, na
madrugada de ontem, que mataram 57 pessoas, incluindo 47
agentes e policiais russos, mostraram que seu governo tem de intensificar a defesa da região.
Putin fez uma rápida visita à Inguchétia, república no sudoeste
da Rússia próxima à Tchetchênia,
horas depois que os "terroristas
tchetchenos" atacaram um prédio do Ministério do Interior, delegacias e depósitos de armas em
Nazran e em cidades vizinhas.
"Vejo que o governo não está fazendo o suficiente para defender
essa república", declarou Putin.
Antes, ele dissera em rede nacional de TV: "Eles [os guerrilheiros]
têm de ser achados e destruídos.
Os que forem detidos vivos devem ser entregues à Justiça".
Para analistas ouvidos pela Folha, embora sua popularidade
ainda seja alta, Putin sofre pressão
"de setores influentes da sociedade para pôr fim ao problema
tchetcheno". O primeiro conflito
na república secessionista ocorreu de 1994 a 1996, e os tchetchenos obtiveram certa autonomia.
"Entidades de defesa dos direitos dos militares, além de mães e
de avós de soldados mortos, vêm
pressionando Putin a cumprir sua
promessa de campanha de pôr
fim ao conflito no Cáucaso", disse
Vladimir Kramnik, da Universidade Pública de São Petersburgo.
De fato, a determinação de Putin contra os tchetchenos foi uma
das razões de sua chegada ao poder em 2000. Desde 2002, ademais, o ex-chefe da FSB (ex-KGB,
a polícia secreta soviética) diz que
o levante está controlado. Mais de
50 mil tchetchenos e 15 mil russos
morreram na região, nos últimos
dez anos, segundo entidades de
defesa dos direitos humanos.
Abukar Kostoyev, secretário interino do Interior da Inguchétia,
também foi morto nos ataques de
ontem, ocorridos seis semanas
depois do assassinato do líder
tchetcheno pró-Moscou Ahmad
Kadyrov. Ao menos 60 pessoas ficaram feridas antes que o prédio
do Ministério do Interior fosse retomado pelas forças russas.
Um assessor de Aslan Maskhadov, o principal líder separatista
tchetcheno, negou que seu grupo
tenha planejado os ataques.
Autoridades afirmaram que três
suspeitos (de nacionalidades diferentes) foram detidos. Para Mark
Kramer, da Universidade Harvard (EUA), a insurgência tchetchena vem sofrendo cada vez
mais influência de "extremistas
islâmicos ligados a terroristas".
"No passado, os rebeldes queriam livrar-se da "ocupação" russa. Como seus esforços não surtiram efeito positivo, certos grupos
acabaram aceitando uma aliança
com extremistas estrangeiros, alguns ligados à Al Qaeda."
Desde o 11 de Setembro, Putin
busca ligar a insurgência tchetchena ao terrorismo global.
Com agências internacionais
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