São Paulo, quarta-feira, 23 de junho de 2004

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IRÃ NA MIRA

Londres pede a Teerã a libertação dos militares

Irã exibe na TV britânicos detidos por invasão, mas admite libertá-los

DA REDAÇÃO

O governo do Irã disse ontem que poderá libertar os oito integrantes da Marinha Real britânica acusados de invadir suas águas territoriais se, em interrogatório, eles provarem que não sabiam que estavam fazendo algo ilegal.
A declaração representa um recuo da posição expressa algumas horas antes, segundo a qual os prisioneiros seriam julgados.
Três dos prisioneiros foram mostrados ontem à noite na TV estatal do Irã. Um deles leu um texto no qual se desculpava por ter inadvertidamente entrado em águas iranianas.
A emissora mostrou os botes que eles utilizaram. "Os marinheiros serão libertados se admitirem que não foram mal-intencionados", disse um porta-voz militar, general Ali Reza Afshar.
Pela manhã, a mesma TV mostrou os prisioneiros sentados no chão e com os olhos vendados.
Eles foram capturados na via aquática de Shatt al Arab, situada entre o Irã e o Iraque e freqüentemente patrulhada pelos britânicos para conter a entrada de contrabandistas e extremistas xiitas.
O chanceler britânico, Jack Straw, telefonou para seu colega iraniano, Kamal Kharrazi, e pediu que os militares britânicos fossem libertados. Um assessor de Straw disse que seu país estava "muito preocupado" com a forma humilhante como os militares foram mostrados na TV.
Segundo o jornal "The Independent", as mensagens contraditórias de Teerã refletem um conflito interno no regime islâmico. De um lado, os ministérios da Defesa e das Relações Exteriores, que querem encerrar o incidente. De outro, a ala radical do clero e a Guarda Revolucionária, que têm interesse em acirrar as tensões.
O Reino Unido, ao lado da França e da Alemanha, estava se aproximando do Irã para tirá-lo do isolamento internacional. Mas recuou quando a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da ONU, criticou o país por conta de informações incompletas e contraditórias sobre os propósitos de seu programa nuclear.
Os EUA suspeitam que, com base em material ilegalmente comprado do Paquistão, o Irã tenha, além de um programa nuclear pacífico, um projeto militar cujo objetivo é a fabricação de armas.


Com agências internacionais


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