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México tenta minirreforma tributária
Objetivo do governo é aumentar arrecadação nas empresas, protegendo-se da queda de receitas no setor petrolífero
Apesar de potencialmente popular, projeto de lei deve enfrentar a oposição de companhias que apoiaram o presidente Felipe Calderón
ELISABETH MALKIN
DO "NEW YORK TIMES",
NA CIDADE DO MÉXICO
Na esperança de elevar a arrecadação tributária mexicana
a fim de compensar a futura
queda nas receitas com o petróleo, o presidente Felipe Calderón apresentou um pacote tributário ao Congresso na quarta-feira, visando eliminar muitas das lacunas que as empresas
exploram para evitar o pagamento de impostos.
O México arrecada menos de
11% de seu PIB em impostos,
bem abaixo da média sul-americana de 16% e dos 25% dos
países desenvolvidos.
O ministro das Finanças,
Agustin Carstens, estimou que
as medidas tributárias, que entrarão em vigor gradualmente
ao longo do mandato de Calderón, elevariam em 3% do PIB o
nível de arrecadação.
O governo vem compensando a baixa receita tributária por
meio de pesada tributação sobre o monopólio petroleiro estatal, a Petroleos Mexicanos
(Pemex), que no ano passado
bancou 40% dos gastos públicos. Privada de recursos para
investimento, a Pemex agora
está enfrentando uma estagnação em sua produção e declínio
em suas reservas.
Calderón, do conservador
Partido de Ação Nacional, foi
eleito por margem ínfima no
ano passado, derrotando o esquerdista López Obrador após
uma campanha eleitoral que
colocou em destaque a persistente pobreza do país. Calderón está sob pressão para combater a pobreza, mas a falta de
recursos restringe suas ações.
O governo mexicano, Wall
Street e as organizações financeiras internacionais há muito
vêm afirmando que uma reforma tributária, além de mudanças nas leis trabalhistas e na política energética, são necessárias para garantir a expansão
econômica do país.
Palatável
Pamela Starr, analista do Eurasia Group, em Washington,
escreveu em nota de pesquisa
que o pacote tributário era "politicamente palatável" para a
maioria dos legisladores. Mas o
Congresso está em recesso até
setembro.
Sob os termos do projeto, as
empresas teriam de pagar a
mais alta de duas alíquotas padronizadas de imposto: os 28%
de Imposto de Renda corporativo que já incidem sobre seus
resultados ou uma nova alíquota única, de 19%, que incidiria
sobre o faturamento, descontados os custos de matéria-prima
e investimentos. Embora deva
ter apoio popular, a medida pode ter a oposição de poderosas
companhias mexicanas, que
apoiaram discretamente a
campanha de Calderón.
O projeto de lei parece, além
disso, prejudicar as empresas
que dependam essencialmente
de mão-de-obra, disse Rogelio
Ramírez de la Ó, economista
que foi assessor econômico na
campanha de Lopez Obrador.
As medidas também representam tentativa de recolher
impostos na economia informal mexicana, por meio de um
tributo de 2% sobre depósitos
bancários em espécie no valor
de mais de US$ 1.800 ao mês.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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