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São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2003

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EUA dizem ter matado filhos de Saddam


Qusay e Uday eram 2º e 3º iraquianos mais procurados pelos EUA; operação é o maior triunfo militar americano desde tomada de Bagdá


DA REDAÇÃO

Uday e Qusay Hussein, filhos do ex-ditador Saddam Hussein e figuras proeminentes do regime iraquiano deposto, foram mortos ontem em uma operação militar em Mossul (norte do Iraque), que durou seis horas, segundo as Forças Armadas dos EUA.
A morte dos herdeiros de Saddam (Qusay era o segundo iraquiano mais procurado pelos EUA, e Uday era o terceiro) é um triunfo militar para os americanos num momento em que suas tropas estão perdendo o estímulo ante ataques constantes e a dificuldade em capturar o ex-ditador.
Segundo o comandante das forças terrestres no Iraque, coronel Ricardo Sanchez, os militares americanos receberam a informação do paradeiro de Uday e Qusay de um morador de Mossul. Havia recompensas de US$ 15 milhões por pistas que levassem aos dois, desaparecidos desde abril.
A testemunha teria visto os filhos de Saddam entrarem em uma mansão na zona norte de Mossul, na noite de segunda-feira. Ontem, cerca de 200 soldados da 101ª Divisão Aerotransportada do Exército cercaram o local.
Os ocupantes da casa abriram fogo com armas de baixo calibre, e os soldados, armados com metralhadoras e lança-foguetes, reagiram ao ataque. Helicópteros americanos acorreram ao local, e os soldados invadiram a casa.
"Removemos os corpos do local e confirmamos, então, que Uday e Qusay estão entre os mortos", disse Sanchez em entrevista coletiva, em Bagdá. Acredita-se que os outros corpos fossem do filho de 14 anos de Qusay e de um segurança.
Quatro soldados foram feridos no tiroteio, além de alguns passantes, disseram testemunhas.
"Amanhã [hoje], eu apresentarei detalhes da operação conduzida hoje [ontem]", disse Sanchez. Questionado, o general não confirmou se foram feitos testes de DNA para identificar os mortos, mas disse que eles estavam em condições de serem reconhecidos visualmente por múltiplas fontes.
Na noite de ontem, nas ruas de Bagdá, iraquianos comemoram e dispararam tiros para o ar. Em Washington, para onde viajou a fim de se reunir com o presidente George W. Bush, Paul Bremer, comandante da Autoridade Provisória da Coalizão, que governa o Iraque, disse que "as notícias são boas para o povo iraquiano", mas advertiu para possíveis ataques em represália contra as tropas.
Já Bush, por meio de seu porta-voz Scott McClellan, também se referiu a "notícias positivas", chamando os irmãos de "líderes de um regime brutal" e a morte deles de "garantia aos iraquianos de que o regime não voltará".

Cautela e estímulo
A morte dos dois filhos mais velhos de Saddam -Qusay era visto como o provável sucessor do pai- é o maior triunfo militar da coalizão desde a queda de Bagdá, em 9 de abril, e deve servir de estímulo às operações no Iraque, minadas nas últimas semanas por constantes ataques às tropas.
Os EUA já capturaram ou mataram 36 dos 55 iraquianos mais procurados, mas Saddam continua foragido. A dificuldade em encontrá-lo é vista pelos comandantes militares como um dos fatores que estimulam ataques a soldados dos EUA, atribuídos a simpatizantes do regime deposto.
Uday e Qusay ilustram, respectivamente, os ases de copas e paus no baralho do Departamento da Defesa americano, em que o ex-ditador é o ás de espadas e o secretário presidencial Abid Hamid Mahmud al Tikriti -capturado em junho- é o ás de ouros.
Desde o início da guerra, em 20 de março, os EUA anunciaram a "possível morte" dos filhos de Saddam duas vezes: a primeira quando um bombardeio atingiu um palácio do ex-ditador em Bagdá onde ele supostamente estaria escondido com familiares, em 7 de abril, e a outra quando uma caravana iraquiana que tentava entrar na Síria foi atacada, em 19 de junho, sob suspeita de transportar membros do regime deposto.
Ambas se provaram erros. Por isso, desta vez, os EUA levaram horas para anunciar a certeza da morte e, quando o fizeram, mantiveram um tom mais comedido.

Com agências internacionais


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