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ONU pede prazo para fim da ocupação
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
A ONU e a França pediram ontem um cronograma claro para a
saída das tropas americanas e inglesas do Iraque, algo que EUA e
Reino Unido se recusaram a dar.
O governo americano, por sua
vez, solicitou ajuda de forças internacionais para controlar a situação no país -assunto que, insistiram a ONU e a França, é de
responsabilidade da coalizão.
Esse foi o saldo da primeira reunião de avaliação do Conselho de
Segurança (CS) da ONU sobre a
resolução 1483, aprovada há exatos dois meses para dar aos EUA e
ao Reino Unido o controle do Iraque. "É vital que a população possa ver um cronograma claro, com
uma sequência específica de
eventos, levando à restauração
plena de sua soberania o mais rápido possível", disse o secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
A pressão foi completada a seguir por seu representante no Iraque, o diplomata brasileiro Sérgio
Vieira de Mello. "[Os iraquianos]
precisam saber quando a ocupação acabará", afirmou.
O embaixador francês, Jean-Marc de la Sablière, reforçou: "Há
necessidade de estabelecer uma
sequência clara de eventos para o
fim da ocupação militar".
Mas o representante americano,
John Negroponte, não falou
quando as tropas dos EUA sairão.
Indicou que não caberia ao país o
papel de fazer um cronograma
-disse que isso dependerá do recém-instalado Conselho de Governo. "O Conselho terá papel de
liderança em fazer uma nova
Constituição e organizar eleições.
São pontos-chave para chegar ao
governo que o CS vislumbra."
Sua posição foi apoiada pelo
embaixador britânico, Jeremy
Greenstock. "Nossa função é criar
as condições, não impor um cronograma", disse ele.
Por outro lado, os EUA pediram
ajuda de tropas de outros países
para controlar o país. "Nós encorajamos fortemente os Estados-membros [da ONU] a contribuir
com forças", disse Negroponte.
Com os ataques diários à coalizão,
já se debate a necessidade de aumentar a operação militar, o que
só pioraria o déficit do governo
americano.
A França, porém, deixou claro
que não quer discutir tal idéia por
enquanto . "É a coalizão que tem
que restabelecer a segurança e a
estabilidade", disse seu embaixador -o país defende nova resolução que aumente o papel da ONU.
Vieira de Mello eximiu-se de tal
responsabilidade. "O que a ONU
não pode fazer é substituir a autoridade da coalizão", disse.
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