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São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2003

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ONU pede prazo para fim da ocupação

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

A ONU e a França pediram ontem um cronograma claro para a saída das tropas americanas e inglesas do Iraque, algo que EUA e Reino Unido se recusaram a dar.
O governo americano, por sua vez, solicitou ajuda de forças internacionais para controlar a situação no país -assunto que, insistiram a ONU e a França, é de responsabilidade da coalizão.
Esse foi o saldo da primeira reunião de avaliação do Conselho de Segurança (CS) da ONU sobre a resolução 1483, aprovada há exatos dois meses para dar aos EUA e ao Reino Unido o controle do Iraque. "É vital que a população possa ver um cronograma claro, com uma sequência específica de eventos, levando à restauração plena de sua soberania o mais rápido possível", disse o secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
A pressão foi completada a seguir por seu representante no Iraque, o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello. "[Os iraquianos] precisam saber quando a ocupação acabará", afirmou.
O embaixador francês, Jean-Marc de la Sablière, reforçou: "Há necessidade de estabelecer uma sequência clara de eventos para o fim da ocupação militar".
Mas o representante americano, John Negroponte, não falou quando as tropas dos EUA sairão. Indicou que não caberia ao país o papel de fazer um cronograma -disse que isso dependerá do recém-instalado Conselho de Governo. "O Conselho terá papel de liderança em fazer uma nova Constituição e organizar eleições. São pontos-chave para chegar ao governo que o CS vislumbra."
Sua posição foi apoiada pelo embaixador britânico, Jeremy Greenstock. "Nossa função é criar as condições, não impor um cronograma", disse ele.
Por outro lado, os EUA pediram ajuda de tropas de outros países para controlar o país. "Nós encorajamos fortemente os Estados-membros [da ONU] a contribuir com forças", disse Negroponte. Com os ataques diários à coalizão, já se debate a necessidade de aumentar a operação militar, o que só pioraria o déficit do governo americano.
A França, porém, deixou claro que não quer discutir tal idéia por enquanto . "É a coalizão que tem que restabelecer a segurança e a estabilidade", disse seu embaixador -o país defende nova resolução que aumente o papel da ONU. Vieira de Mello eximiu-se de tal responsabilidade. "O que a ONU não pode fazer é substituir a autoridade da coalizão", disse.


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