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São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Entidade quer garantia para realizar suas missões; EUA perdem mais um soldado e fecham jornal iraquiano

Ataque mata membro da Cruz Vermelha

DA REDAÇÃO

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), com sede em Genebra (Suíça), informou ontem que um de seus funcionários no Iraque foi morto por disparos ao sul de Bagdá.
O técnico em comunicações Nadisha Yasassri Ranmuthu, 37, do Sri Lanka, morreu após seu veículo ter sido alvejado na estrada que liga a cidade de Hilla à capital. O motorista, Hamed Rashid, ficou ferido. Não se sabe de quem foi a autoria do ataque.
De acordo com o CICV, o veículo estava claramente identificado com os emblemas da organização, que realiza ações humanitárias em zonas de conflito e tem sua neutralidade reconhecida pelas Convenções de Genebra.
"O CICV convoca todas as pessoas e todos os grupos armados a garantir o trânsito seguro dos veículos protegidos pelos emblemas da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho [utilizado em países islâmicos], permitindo que realizem seu trabalho de salvar vidas", diz nota oficial da instituição.
O CICV vem aumentando sua presença no Iraque, onde está desde 1980. Cerca de 850 funcionários trabalham no momento no país. Segundo a porta-voz Antonella Notari, a organização não pretende interromper suas atividades, mas deve haver uma revisão das medidas de segurança.
Um soldado dos EUA também foi morto e outro ficou ferido, quando o comboio em que viajavam foi atingido por uma granada-foguete.
Desde que o presidente George W. Bush anunciou o fim dos principais combates no Iraque, em 1º de maio último, 39 soldados americanos já morreram em ataques iraquianos, atribuídos pelo Exército americano a simpatizantes do ex-ditador Saddam Hussein.
Desde o início da Guerra do Iraque, 153 soldados americanos morreram em combates. Na Guerra do Golfo (1991), 147 americanos morreram assim.
As emboscadas quase diárias já estão levando setores a pressionar o governo americano e as Forças Armadas a reduzir a presença de tropas no Iraque ocupado. Mas não é possível fazer isso justamente devido à instabilidade.
Também é crescente a insatisfação entre soldados americanos, que começam a protestar contra as arriscadas condições de trabalho e a falta de perspectivas de retorno a suas bases.
Segundo a agência Associated Press, o Exército dos EUA pretende implementar um rodízio de soldados. O projeto prevê a manutenção de cerca de 145 mil militares no Iraque -hoje a 148 mil americanos-, mas eles seriam rendidos, aos poucos, por novas tropas. A permanência máxima seria de um ano. O Ministério da Defesa deve anunciá-lo logo.
A polícia iraquiana, apoiada pelos EUA, fechou ontem um jornal de Bagdá e prendeu seu diretor devido à publicação de um artigo incitando ações contra forças dos EUA, informou ontem a Autoridade Provisória da Coalizão (APC), liderada pelos EUA.
No dia 3, o jornal "Al Mustaqila" publicou um texto com o título: "Morte a todos os espiões e a todos os que cooperarem com os EUA; matá-los é dever religioso".
"A APC e o Serviço de Polícia Iraquiano julgaram que Al Mustaqila representa uma ameaça significativa aos cidadãos iraquianos", disse a APC.
Há cerca de 20 jornais operando no Iraque pós-Saddam. No mês passado, a ONG Repórteres sem Fronteiras criticou as regras impostas pelos EUA para a área de comunicação, que tornaram ilegal incitar a violência.


Com agências internacionais


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