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ÁFRICA
Rebeldes ordenam cessar-fogo, mas ainda há enfrentamentos em Monróvia; segundo ministro, 600 morreram nos últimos dias
Combates seguem na Libéria, apesar de trégua
DA REDAÇÃO
Os rebeldes liberianos anunciaram ontem um cessar-fogo, um
dia após dezenas de pessoas (ou
mais) terem sido mortas por granadas de morteiro que atingiram
a capital do país, Monróvia. A Comunidade Econômica dos Países
do Oeste Africano discutia ontem,
no Senegal, a possibilidade de enviar rapidamente à Libéria tropas
de manutenção de paz.
Apesar da trégua anunciada,
tropas do governo e rebeldes continuavam ontem a trocar tiros de
metralhadora e granadas próximo a duas pontes estratégicas que
ligam a região do porto de Mon-
róvia ao centro da cidade -onde
estão os escritórios do presidente
Charles Taylor.
Pouco após o anúncio dos rebeldes, houve também bombardeios esporádicos no centro. Em
um deles, uma casa foi atingida no
lado oposto da rua da fortemente
protegida embaixada americana.
Mas o prometido cessar-fogo
ofereceu um fio de esperança a
uma cidade envolvida pelo medo.
Segundo o ministro da Defesa da
Libéria, Daniel Chea, ao menos
600 pessoas foram mortas desde
que os rebeldes que tentam derrubar Taylor chegaram à capital, na
semana passada.
A batalha nas ruas de Monróvia
é apenas o último capítulo de um
ciclo de 14 anos de violência e
guerras civis em um país criado
por ex-escravos americanos como um ideal de liberdade.
Os combates vêm provocando a
intensificação dos pedidos para
uma intervenção da comunidade
internacional e dos EUA. O governo americano, que vem sofrendo
pressões para enviar tropas por
causa de suas ligações históricas
com a Libéria, disse ontem estar
trabalhando com a ONU e com os
países africanos, mas não decidiu
ainda se enviará tropas.
George W. Bush condiciona o
envio de tropas à chegada dos militares africanos e à renúncia de
Taylor, acusado de crimes de
guerra, em Serra Leoa, por uma
corte apoiada pela ONU. Taylor
diz que não partirá antes da chegada da força internacional.
Relatório
Um relatório da Federação Internacional da Cruz Vermelha e
do Crescente Vermelho, divulgado semana passada, aponta que a
guerra contra o terrorismo deflagrada pelos EUA criou uma distorção nas doações e na ajuda humanitária de países e entidades.
O apoio se concentra em locais
estratégicos, como o Iraque e o
Afeganistão, em detrimento de
locais com situações emergenciais, como a Libéria, Angola, a
Somália e a República Democrática do Congo (ex-Zaire). "Há conflitos da moda e outros não, como
os da África", disse Antoni Bruel,
coordenador da Cruz Vermelha
na Espanha.
Com agências internacionais
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