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ANÁLISE
Decisão de corte terá impacto sobre estabilidade regional
DA REUTERS, EM HAIA
A decisão da Corte Internacional de Justiça impôs um
sério revés à Sérvia e terá um
impacto sobre a estabilidade
de várias regiões do mundo.
"O tribunal abriu as portas
para que agentes não estatais
considerem declarações unilaterais de independência",
disse Mark Ellis, diretor-executivo da Associação Internacional de Advogados. "Isso representa um novo e
complexo desafio para a comunidade internacional."
Para analistas, a decisão
pode estimular sérvios étnicos na região a procurar independência, o que inclui a
Bósnia, país dividido em linhas étnicas desde o fim dos
mais mortíferos combates na
Europa depois da Segunda
Guerra, nos anos 90.
"A República Sérvia tem
território, população e governo, ou seja, todos os elementos necessários para seguir
um percurso semelhante ao
de Kosovo, caso assim decida", disse Desanka Majkic,
bósnio de origem sérvia que
preside a Câmara Alta do Parlamento da Bósnia.
Separatistas em regiões
distantes dos Bálcãs também
podem usar a decisão da CIJ
como reforço a seus argumentos. "A decisão pode ter
implicações para conflitos
tão díspares quanto os da Ossétia do Sul e Abkházia, na
Geórgia; o do País Basco, na
Espanha; e o do Tibete, na
China", diz Fred Cocozzelli,
professor-assistente da Universidade St. John's (NY).
Nos últimos dois anos, a
Sérvia dedicou considerável
energia diplomática a esforços de lobby em países que
cogitavam reconhecer a independência de Kosovo, região que muitos sérvios têm
como parte essencial de seu
país porque foi lá que surgiu
a Igreja Ortodoxa Sérvia.
A linha adotada por Belgrado é importante em termos internos, já que, para
um político sérvio, reconhecer Kosovo seria fatal.
Mas a questão complica a
adesão à União Europeia para um país que ainda luta para se recuperar do isolamento internacional em que caiu
durante a guerra. Para alguns analistas, a decisão pode levar, no longo prazo, a
um distanciamento da questão kosovar.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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