São Paulo, segunda-feira, 23 de agosto de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Apesar de auxílio em libertação, choques entre milícia de clérigo xiita e forças americanas se intensificaram

Repórter americano é solto após intervenção de Al Sadr

DA REDAÇÃO

Após intermediação do clérigo xiita Moqtada al Sadr, o jornalista americano Micah Garen foi libertado ontem por militantes iraquianos em Nassíria, no sul do Iraque. Ele foi seqüestrado há uma semana junto com o seu tradutor iraquiano, Amir Doushi -também solto.
Sua libertação ocorreu em meio à intensificação dos combates envolvendo as forças militares americanas e seguidores de Al Sadr em Najaf. Na vizinha Kufa, 40 militantes morreram em ação dos EUA no sábado, segundo autoridades americanas. Militantes afirmam que apenas um morreu.
Garen concedeu entrevista à rede de TV Al Jazira, do Qatar, confirmando que foi solto. O jornalista agradeceu a Al Sadr pela intermediação. O clérigo decidiu intervir na libertação de Garen depois de militantes armados divulgarem filme ameaçando matá-lo se as tropas americanas não se retirassem de Najaf em 48 horas.
Porém representantes de Al Sadr condenaram o seqüestro, que ocorreu sem a conivência dele. "Os seqüestradores escutaram o pedido que fizemos durante as orações de sexta e eles nos contataram e prometeram não fazer nada contra eles [Garen e seu tradutor]", disse o xeque Aws al Khajafi, assessor de Al Sadr que participou das negociações de libertação com os seqüestradores.
O jornalista afirmou que foi seqüestrado quando tirava fotos com uma pequena câmera. Algumas pessoas que não aceitavam ser fotografadas entraram em atrito com ele. Nesse momento, ele teria sido confundido com um espião a serviço dos americanos.
Garen trabalha para a empresa de mídia Four Corners e já prestou serviços fotográficos para a agência de notícias Associated Press e escreveu reportagem publicada no "New York Times".
Nos últimos meses, cresceu o número de seqüestros de estrangeiros no Iraque.

Combates
Forças dos EUA isolaram a parte antiga de Najaf, onde se localiza a mesquita de Ali, uma das mais sagradas para os xiitas. Nessa mesquita, estão entrincheirados seguidores de Al Sadr, um dos mais ferrenhos opositores da ocupação americana. Helicópteros realizaram ataques e tanques circularam pelas ruas da cidade, que estavam desertas ontem.
A ação ocorre em meio a impasse nas negociações de trégua. O governo iraquiano pediu paciência aos dois lados. O temor é de que os confrontos atinjam a mesquita, acentuando ainda mais a já hostil postura da maioria xiita do país à presença americana.
Em incidentes separados, cinco americanos morreram.


Com agências internacionais


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