São Paulo, segunda-feira, 23 de agosto de 2004

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"Núcleo "duro" atua em vários países"

DO "LE MONDE"

Eric Dénécé é pesquisador sobre serviços de inteligência no CNRS (Centro Nacional da Pesquisa Científica, França), e autor de "Guerra Secreta contra a Al Qaeda". Eis sua entrevista.
 

Pergunta - Como interpretar as mais recentes prisões de suspeitos?
Eric Dénécé -
Sabemos no fundo muito pouco. Os americanos maximizam as ameaças quando elas se referem a seu território. É também difícil saber o que acontece no Paquistão. Os EUA e o Paquistão só divulgam informações que lhes sejam convenientes. O Reino Unido atua de outro modo e é mais conseqüente. Há a infiltração nas redes clandestinas de paquistaneses e sauditas, e apenas em último caso é que prisões são feitas. Quando isso ocorre é porque acreditam, com provas mais sólidas, de que estão na iminência de uma ameaça real.

Pergunta - Qual o papel atual da direção "histórica" da Al Qaeda?
Dénécé -
Os "históricos" começaram a agir em 1993. Eram na época um grupo de cerca de 5.000 terroristas, dos quais 80% foram eliminados. Alguns até se indagam se não foi também o caso de Bin Laden. Depois de desalojada do Afeganistão, uma célula operacional se refugiu em Karachi, onde os americanos e paquistaneses a desmantelaram. Outras redes se formaram, nem sempre ligadas à Al Qaeda, como a chefiada por Abu Musab Zarqawi. Persiste um núcleo "duro", cujo objetivo é provocar atentados tão mortíferos quanto o do 11 de Setembro. Eles atuam em vários países e não serão descobertos em caso de prisão de Bin Laden.


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