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Governo enfrenta violência com combate à pobreza
DE CARACAS
Uma das rotinas das patrulhas policiais nas favelas do
Petare, em Caracas, é acabar
com as chamadas "festas irregulares". No sábado à noite, a escolhida foi uma no labiríntico setor Petare 2.
Julia Muñoz, 63, protesta
ao ver a caixa de cervejas ser
levada pela polícia. Dizia que
a festa era para arrecadar dinheiro para reforçar a segurança das casas.
Em volta dela, adultos,
mas especialmente adolescentes, também protestavam. "Quando tem morte e
roubo, cadê a polícia? Só
querem acabar com a nossa
festa", disse um, de 16 anos,
que não quis revelar o nome.
Os policiais não mostravam qualquer sensibilidade
à reclamação. Repetiam que
música alta e bebida produziriam mais problemas.
Jomer Batista, 26, teve as
caixas de som apreendidas.
"Se é perigoso? É, mas eu vivo disso, faço várias festas
por aqui. Não sei o que vou
fazer agora", diz ele.
Batista reclama que tanto
faz festa ou não. Conta que o
irmão dele voltava do trabalho quando foi morto a tiros
não longe dali há um ano e
meio. "O presidente tem boas
intenções, mas ele não cuidou do tema da segurança.
Não voto mais no governo."
Os especialistas em violência venezuelanos argumentam que um dos fatores para
a explosão dos índices de criminalidade é justamente, como ocorre também em toda a
região, a falta de perspectivas de integração social.
O governo Chávez é criticado por não priorizar o assunto e defender que o maior trabalho do Estado na questão é
diminuir a pobreza -que recuou de 50,5%, em 1998, para 33,4%, dez anos depois.
Na semana que passou,
ele disse ainda que os delinquentes de hoje foram "as
crianças de rua" dos governos anteriores.
"É muito mais complexo
fazer a inclusão dos jovens.
Para eles não basta vender
comida barata como no Mercal [a rede de alimentos subsidiados pelo governo]. Eles
precisam de inclusão simbólica", diz o criminologista
Andrés Antillano, da Universidade Central da Venezuela.
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