São Paulo, domingo, 23 de agosto de 1998

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Brasil enviava preso para a ilha Anchieta

da enviada especial

No Brasil, japoneses residentes no país foram presos, acusados de espionagem e sabotagem durante o período de guerra.
Chamados de "quinta coluna", ou espiões, eles eram levados para prisões do Dops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social) e depois distribuídos para delegacias de São Paulo, diz a socióloga Célia Sakurai.
Alguns deles, diz Sakurai, foram mandados como presos políticos para um presídio localizado na ilha Anchieta, no litoral paulista.
No livro "O Imigrante Japonês", de Tomoo Handa, há relatos de japoneses colocados em prisões do Estado em "celas minúsculas" com até dez pessoas, cujas janelas altas e pequenas causavam "sufocação". Para passar o tempo, jogavam partidas de "Gô", espécie de xadrez japonês com botões brancos e pretos.
Durante o período da guerra, os japoneses eram proibidos de falar sua língua em público, tiveram jornais e escolas da comunidade fechados, e suas propriedades foram administradas por interventores nomeados pelo governo brasileiro.
Segundo Célia Sakurai, japoneses que moravam em cidades litorâneas do Estado foram obrigados a deixar suas casas e procurar abrigo na casa de parentes e amigos no interior do Estado ou na capital.
O motivo era o temor, por parte do governo brasileiro, aliado aos Estados Unidos, de uma invasão de tropas nipônicas. "Havia um um medo da "invasão amarela' naquela época", afirma Sakurai.
O assunto das prisões dos imigrantes de países do Eixo, no entanto, seria pouco explorado. "Ainda não foi feita nenhuma grande pesquisa a respeito", diz Sakurai. (LH)



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