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COMENTÁRIO
Economia dos EUA
lucra com cigarros
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
A decisão do governo Clinton
de abrir uma nova ofensiva contra a indústria do tabaco revela a
força política do movimento cultural contra o cigarro nos EUA.
Todos os estudos recentes sobre
a relação custo-benefício do tabagismo revelam que as vantagens
do fumo (geração de empregos,
receita fiscal, aumento de divisas)
ocorrem em nível macro, ou seja,
favorecem o Estado ou a economia como um todo.
Ao contrário, os prejuízos incorrem apenas sobre as microentidades, ou seja, o consumidor.
Os produtores acusam esses estudos de ignorarem as vantagens
(reais ou percebidas) que o fumante tem quando usa o produto.
Por mais irracional que pareça, é
claro que o usuário do cigarro
acha que tem ganho ao fumar.
Mas a pressão dos que não fumam tem sido tão esmagadora
que o Estado se viu levado a mover uma campanha que se assemelha a uma guerra santa. As
consequências políticas devem
ser boas, caso contrário não haveria a unanimidade que há.
As econômicas são incertas. Os
EUA lideram a exportação tanto
da matéria-prima quanto dos
produtos industrializados de tabaco, com 28% dos mercados.
O fato de o custo do tratamento
dos fumantes ser largamente
compensado, em termos macroeconômicos, pelo que o Estado não
gasta porque eles morrem cedo
não funciona como argumento.
Nem a possibilidade de desemprego em massa nos Estados que
têm no tabaco uma de suas principais fontes de receita.
O contra-argumento é que os
trabalhadores do tabaco vão ser
realocados em outras atividades.
Por tudo isso, as empresas produtoras de cigarro já vêm, há
muito tempo, diversificando suas
próprias áreas de atuação. Embora lutem para manter o negócio,
sabem que ele não tem salvação.
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