São Paulo, Quinta-feira, 23 de Setembro de 1999
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TIMOR LESTE

Vítimas foram mortas por paramilitares, dizem moradores; Exército é acusado por morte de jornalista

Força de paz acha corpos mutilados

das agências internacionais

Soldados da força multinacional de paz da ONU em Timor Leste tomaram ontem o quartel-general de um dos principais grupos paramilitares antiindependência, o Aitarak, em Dili, capital do território. Seis homens foram presos.
O quartel-general estava vazio no momento da invasão. Os paramilitares presos chegaram pouco depois. Segundo o jornal francês "Libération", os soldados encontraram dezenas de corpos mutilados e sem cabeça dentro de um poço próximo ao QG. O número de cadáveres poderia chegar a 70.
Segundo moradores, os paramilitares jogavam as cabeças ao mar para impedir que os cadáveres fossem identificados.
Os paramilitares são acusados de matar milhares em Timor. A onda de violência começou com a divulgação do resultado do plebiscito, realizado no final de agosto, em que 78,5% da população de Timor votou pela independência.
A ex-colônia portuguesa foi invadida pela Indonésia em 75 e anexada em 76.
A força de paz, liderada pela Austrália, foi enviada ao território para dar segurança à população e proteger os agentes humanitários. Já há cerca de 4.000 soldados em Timor. Quando estiver completa, a missão terá cerca de 8.000 soldados. O Brasil enviou 51 homens.
Ontem, a ONU confirmou o assassinato do jornalista holandês Sander Thoenes, 30, correspondente do jornal britânico "Financial Times" em Timor Leste.
Segundo testemunhas, ele foi morto por seis homens com uniformes do Exército indonésio. O Exército nega que soldados sejam autores do crime.
Segundo o comandante da força de paz, o general australiano Peter Cosgrove, os paramilitares decidiram mostrar que a segurança ainda não estava assegurada em todo o território. Ele afirmou que o controle está sendo restabelecido em alguns setores da cidade, mas que Dili ainda é um lugar perigoso.
Ontem, guerrilheiros pró-independência afirmaram ter matado 12 soldados indonésios durante confronto na fronteira com Timor Oeste, parte da Indonésia.


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