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EPIDEMIA
Na região subsaariana, são atendidos só 50 mil dos 4,1 milhões que precisam dos remédios; ONU cobra ação geral
Droga anti-Aids só chega a 1% na África
DA REDAÇÃO
Só 1% dos africanos que precisam de tratamento contra a AIDS
recebem os remédios, segundo
relatório divulgado ontem pela
OMS (Organização Mundial de
Saúde) e pela entidade Médicos
Sem Fronteiras. No mesmo dia,
uma sessão da Assembléia Geral
da ONU foi dedicada à doença.
O documento conclamou os
países em desenvolvimento a tornar os medicamentos mais acessíveis produzindo suas próprias
versões genéricas ou aprovando
leis para facilitar a importação.
"Ainda é um grande desafio para os países se envolver na facilitação do acesso aos remédios e por
um custo baixo e com qualidade",
afirmou a coordenadora do estudo, Sophie-Marie Scouflaire, durante a Conferência sobre Aids e
Doenças Sexualmente Transmissíveis na África, que acontece no
Quênia. "É possível fornecer o
tratamento por menos de US$ 1
ao dia (...) quando há uma política
agressiva no país", acrescentou.
A indústria farmacêutica, que
também apresentou ontem um
relatório na ONU, estimou que ao
menos 76,3 mil africanos receberam em junho os medicamentos
contra a Aids a preços reduzidos
provenientes de seis fabricantes.
Na África subsaariana, pelo estuda OMS e dos Médicos Sem Fronteiras, só 50 mil de 4,1 milhões têm
o tratamento do qual precisam.
A organização Médicos Sem
Fronteiras afirmou que o custo
médio do genérico mais barato é
de cerca de US$ 300 por ano. Na
maioria dos países africanos, mais
da metade da população sobrevive com menos de US$ 1 ao dia.
Segundo estimativa do Unaids
(Programa Conjunto das Nações
Unidas para HIV/Aids), 38,6 milhões de adultos viviam com o vírus da doença no mundo ao final
de 2002, dos quais 29,4 milhões
estavam na África subsaariana.
Em alguns países africanos, a
expectativa de vida caiu para 35
anos por causa da Aids. "Os efeitos na África estão acabando com
décadas de esforços para o desenvolvimento", avaliou o Unaids em
relatório divulgado anteontem.
O enviado especial da ONU para a Aids na África, Stephen Lewis, criticou os EUA e seus aliados
por gastarem mais com a guerra
contra o terrorismo do que com o
combate à epidemia da doença.
Segundo o relatório do Unaids,
há um déficit de US$ 3 bilhões nos
fundos necessários para a África
subsaariana. Lewis avaliou ainda
que os países africanos também
precisam se empenhar mais.
O secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, fez coro, na sessão da entidade sobre a Aids, com a cobrança por mais esforços contra a
doença. De acordo com ele, há
mais dinheiro hoje para o combate e remédios mais baratos, só que
a evolução da epidemia é maior
do que os esforços contra ela.
Annan afirmou que o mundo
está muito longe das metas fixadas num encontro realizado há
três anos. Por esses objetivos, 3
milhões de pessoas deveriam estar recebendo tratamento contra
a Aids em 2005 nos países em desenvolvimento. Só 300 mil têm
acesso hoje aos medicamentos,
apesar de a ONU estimar que até 6
milhões de pessoas precisem.
"Nós não podemos aceitar que
algo aconteceu para nos forçar a
recuar em relação a Aids. Algo
mais sempre vai surgir", declarou
Annan. O Brasil é o único país em
desenvolvimento que fornece tratamento contra a Aids para toda
sua população que necessita.
Colin Powell, secretário de Estado dos EUA, o país que lidera os
gastos mundiais contra o terrorismo, afirmou na sessão da ONU
que a Aids é mais devastadora do
que qualquer ataque terrorista.
Com agências internacionais
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