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FMI e Banco Mundial associam pobreza a terror no Oriente Médio
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A DUBAI
O FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial
(Bird) disseram, em seu encontro
anual, em Dubai, nos Emirados
Árabes Unidos, que o Oriente
Médio e o norte da África estão se
tornando uma "bomba-relógio",
tendendo a aumentar o incentivo
ao terrorismo em toda a região.
Na base do problema, segundo
o FMI, estão uma das maiores taxas de desemprego do mundo e a
concentração de fundos nas mãos
de Estados que não buscam a diversificação de suas economias.
Os países do Oriente Médio e do
norte da África têm hoje uma taxa
de desemprego superior a 15%,
atingindo uma média de 30% entre as pessoas mais jovens. Nos
territórios palestinos, todos os indicadores econômicos despencaram nos últimos três anos, e o desemprego saltou de 10% em 2000
para mais de 40% hoje. Na Síria, a
taxa de desemprego entre os jovens atinge 73%.
Projeções do Banco Mundial indicam que a atual força de trabalho em toda a região, de 100 milhões de pessoas (das quais só 85
milhões têm emprego), vai aumentar para 146 milhões em 2010,
atingindo 185 milhões em 2020.
Seria preciso quase dobrar, em 20
anos, o atual número de empregos para contornar o problema.
Horst Koehler, diretor-gerente
do FMI, cujo principal sócio são
os EUA, admitiu, em Dubai, o elo
entre a falta de oportunidades e o
terrorismo. "O crescimento é a
maior força contra a pobreza e
contra elementos de instabilidade, como o terrorismo", afirmou.
Em um amplo relatório sobre a
região, o FMI responsabiliza os
governos locais pelo fraco desempenho, originado na concentração de poder econômico nas
mãos de autoridades oficiais. A
economia dos países ricos em petróleo é pouco diversificada, e a
região como um todo, segundo o
FMI, oferece uma série de obstáculos para a criação de negócios
privados e empregos.
Os territórios palestinos apresentam o quadro mais sombrio. O
Banco Mundial estima que o PIB
(total de riquezas) da região caiu
38% entre 1999 e 2002. Com um
crescimento populacional de
4,4% ao ano, a renda per capita da
região hoje equivale à metade da
obtida há três anos (US$ 900 ao
ano hoje, contra US$ 1,750 em
1999). A taxa de desemprego média atual, de 40%, ultrapassa os
75% em cidades como Jenin.
Na base do desemprego, aponta
o Banco Mundial, estão as restrições impostas à livre circulação de
palestinos na região. Antes do
acirramento dos recentes conflitos entre palestinos e israelenses,
o número de árabes entrando e
saindo de Israel para trabalhar ou
para outras atividades caiu de 128
mil ao dia para 49 mil.
O presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, afirma
que a instituição tem dado a "sua
contribuição" para tentar reduzir
os problemas. "Mas a situação é
muito ruim neste momento, e temos pouca influência", disse.
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