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Putin sobe seu cacife na reta final
A seis meses de eleições, presidente russo aposta em sua popularidade e dá pistas de que seguirá atuando
Apesar de dizer que há cinco candidatos à sua sucessão, líder que tirou país do chão evoca retórica de glória e faz campanha para si mesmo
SERGE SCHMEMANN
DO "NEW YORK TIMES", EM SOCHI
Vladimir Putin está em sua
melhor forma e sabe disso. É
poderoso, popular e controla
um país que tirou da bancarrota e do desespero e conduziu à
riqueza e ao poder em menos
de oito anos.
Há menos de duas semanas,
substituiu um premiê obscuro
por outro, deflagrando uma
corrida entre os observadores
do Kremlin, na Rússia e no exterior, para encontrar pistas sobre o possível significado da decisão no que tange à eleição
presidencial, daqui a seis meses, e ao seu futuro. Apesar do
movimento, entretanto, ninguém duvida que caberá a Putin, impedido por lei de se reeleger, escolher seu sucessor.
E ele tampouco deixa dúvida
de que seguirá em cena. "Naturalmente, esse é um fator que o
próximo presidente terá de
considerar", diz, acrescentando, sem aparentemente perceber a contradição, que fará "tudo que puder para garantir sua
independência e eficácia."
Grandeza
Embora não rejeite a herança
soviética, a Rússia invocada por
Putin é um Estado grande, poderoso e criado por comando
divino. Ele ocupa o lugar que
ocupa para restaurar a glória, o
poder e, sobretudo, o lugar no
mundo que sua pátria merece.
E é esse o contexto que unifica sua presidência: a Rússia será grande e forte. A idéia explica as repetidas contradições
que ele expõe em sua visão de
mundo: a Rússia precisa ter
uma democracia forte, com
múltiplos partidos, mas não
poderia existir sem um presidente forte. A economia é livre,
mas o Estado precisa controlar
suas riquezas. Ele está preparado para cooperar com o Ocidente, mas não é preciso muito
para se por em posição de briga.
Há ecos nítidos da União Soviética, mas a Rússia de Putin
representa com certeza um novo híbrido. Não há ameaça de
uma nova Guerra Fria, ou ideologia de domínio mundial. O
presidente desfruta de um nível de popularidade e aprovação popular que os líderes soviéticos jamais atingiram.
Após uma série de decepções
e fracassos nos anos 90, os russos desfrutam de uma combinação de liberdades pessoais e
prosperidade inédita para eles.
Podem viajar ao exterior e navegar na Internet; a cultura floresce; eles podem ganhar dinheiro. A política? Há problemas nessa área, mas na nova
Rússia, com suas lojas reluzentes e seu ritmo acelerado de
crescimento, quem se importa?
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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